Centro de São Paulo, uma região castigada pelo tempo e incompetência dos políticos, e que há anos é protagonista de projetos mirabolantes de revitalização que nunca saem do papel.
O Copan é um dos mais importantes e emblemáticos edifícios da cidade de São Paulo. Construído na década de 50 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é a maior estrutura de concreto armado do Brasil e o maior edifício residencial da América Latina. Tem 115 metros de altura, 35 andares (3 dos quais comerciais), 1160 apartamentos e cerca de 2000 moradores. No térreo existe uma área comercial com mais de 70 lojas. É uma mini-cidade.
No térreo do Copan fica o Bar da Dona Onça, um dos redutos gastronômicos mais premiados da cidade. A chef Janaína Rueda (a “Dona Onça”) faz um excelente trabalho no comando das panelas, criando versões próprias em porções de boteco de clássicos do interior paulista, como carne moída com quiabo, picadinho, dobradinha e rabada com agrião, além de oferecer uma grande quantidade de petiscos, um melhor que o outro.
Casa ainda oferece bom seleção de massas artesanais, arrozes e carnes. Quem gosta de feijoada diz que a da Dona Onça está entre as melhores de São Paulo. Como eu não gosto, não consigo opinar a respeito.
Você pode consultar o cardápio completo da casa clicando aqui.
O Bar da Dona Onça, que na minha opinião só tem “bar” no nome – lembra mais um restaurante com ambiente moderno, descontraído e tranquilo, frequentado por amigos, famílias inteiras, artistas/intelectuais que trabalham/moram na região e gringos, muitos gringos – é o atual dono do prêmio de “Melhor Comida de Bar” da cidade, o que significa casa sempre cheia e comida de qualidade.
No ambiente, destaque para as várias referências ao animal que leva o nome da casa - são porcelanas, bichos de pelúcia, patinhas espalhadas pelo salão, adesivos nas geladeiras. Na minha opinião, as mesas são muito coladas, separadas por não mais que um palmo de distância, o que até permite certa integração entre os(as) clientes - é comum ver pessoas conversando, trocando experiências, perguntando dos pratos, mas esqueça qualquer privacidade.
O espaço para sentar-se também é muito estreito, não raro as cadeiras de mesas diferentes se tocam, e os mais espaçosos acham-se no direito de empurrar os outros. Sabemos que mais mesas = mais clientes = mais faturamento, não tenho problemas em comer com pessoas ao lado (na Europa é comum restaurantes terem mesas coletivas com 10-20 lugares para quem está sozinho), mas comer com alguém empurrando a minha cadeira a todo instante não dá.
Visitamos o Bar da Dona Onça duas vezes, ambas no almoço, ambas em feriados. Se na primeira vez a casa não estava cheia, o que nos fez prontamente conseguir uma mesa, na segunda a imagem externa parecia um cenário do inferno - havia praticamente outro salão lotado do lado de fora, com mesinhas/cadeiras improvisadas e pessoas comendo tranquilamente. Até aí sem stress, se não fossem as várias pessoas fumando, jogando baforadas na cara dos demais, sem a menor preocupação e nenhum senso de respeito com quem não fuma (sim fumantes, vocês não estão sozinhos no mundo!).
Que fique claro, nada contra com quem fuma, a vida é sua, mas custa respeitar os demais? Será que um dia seremos capazes de pensar nos outros, e não apenas em nós mesmos? Sem dúvidas voltaremos ao Bar da Dona Onça outras vezes, mas uma coisa é certa: se ao chegarmos a área externa estiver cheia, com mesinhas e gente comendo, comeremos no vizinho.
Detalhes dos desenhos na lousa e a geladeira com estampa de oncinha
O atendimento é rápido e eficiente, mas não espere sorrisos dos garçons – embora eu tenha conseguido certa interação com um deles no final, que até me contou que a avó faz uma sensacional goiabada cascão com queijo!
Primeiro ponto positivo do restaurante: chamamos o garçom e perguntamos “se quatro porções seriam suficientes para 2 pessoas”. A resposta óbvia de qualquer restaurante que pensa apenas em VENDER: “Sim, claro”. A resposta da casa: “Não, é muita comida”. Lição 1: Honestidade fideliza clientes, e eles sabem disso.
Após uma boa olhada no cardápio decidimos pedir alguns petiscos para compartilhar. Começamos com a ótima “Couve flor à milanesa igual da minha vó” (R$ 29) e a sensacional “Almôndegas à moda antiga” (R$ 38). A couve flor empanada é sequinha, saborosa e macia por dentro. As almôndegas, além de saborosas, vêm numa panelinha com um molho feito à base de tomates, especiarias e cenouras, que lembra o gostinho daquele molhinho que nossas avós costumavam fazer. Gosto de infância.
A porção de "Croquetes de carne de panela" (R$ 29, 6 unidades) entraria facilmente em qualquer lista dos melhores petiscos de São Paulo. Sequinho à perfeição, casquinha crocante, recheio generoso e saboroso, praticamente só carne. A gentil bisnaga com molhinho de pimenta é suave e dá um "up" no bolinho. Inesquecível.
Com intenção de popularizar o vinho, a casa possui tintos e brancos em taça no lugar do tradicional chopp. Para isso, foi necessário criar um sistema de acondicionamento da bebida que a deixasse também na temperatura ideal.
A carta de cervejas importadas oferece excelentes rótulos da Alemanha, Bélgica e Holanda, a preços atraentes. A La Trappe, minha preferida, é oferecida em garrafas de 750ml, com destaques para as versões Quadrupel e White Trappist (R$ 59 cada).
Escolhemos o Suco de Uva Integral – a casa trabalha com a linha da São Bento, servidos em copos de 350ml (R$ 10,00). Excelente tinto, enquanto o de uva branca estava com acidez em excesso, desagradável ao paladar.
Vale lembrar o que sempre digo sobre sucos integrais: para apreciar a bebida, lembre-se de pedi-la “sem pedras de gelo”. O sabor permanece intenso, já que o gelo deixa a bebida aguada.
A ótima “Couve flor à milanesa igual da minha vó” e o decepcionante suco de uva integral branco
Ao final das 2 porções, ainda tínhamos alguma fome, e decidimos provar a deliciosa “Linguiça de porco artesanal com vinagrete e pão francês” (R$ 39). Artesanal, porção bem servida, frita, recheada com boa carne de porco, bem temperada, vem com gordura na medida certa para realçar os sabores e é guarnecida de mini pãezinhos e um potinho de vinagrete com bastante azeite.
Caso você queira ficar apenas nos petiscos, vale dizer que todos são bem servidos, ideais para uma pessoa. Duas porções são suficientes para um casal. Se estiver com um grupo de amigos, o ideal é pedir várias para compartilhar e assim provar várias receitas.
Se no quesito "Comfort Food" o Bar da Dona Onça é referência, alguns pratos não mostraram o mesmo nível. A "Salada com sardinhas, tomate, cebola roxa e rúcula" (R$ 29) é gostosa, mas não tem muita criatividade. Da carta de arrozes, o "Arroz caldoso com lulas, mexilhões, camarões e võngolis" (R$ 59) é úmido e tem tempero suave, embora o arroz não estava no ponto certo e poderia vir com mais camarões.
Não poderíamos ir embora sem provar as sobremesas, mesmo num cenário de total gula. Pedimos os “Mini churros com doce de leite” (R$ 16) – massa leve, fritos à perfeição, polvilhados com açúcar e canela. O doce de leite, que chega à mesa pelando de quente, é extremamente doce se comido separado, mas casa perfeitamente se comido junto com o doce espanhol.
Provamos também o "Mousse de chocolate amargo com calda de frutas vermelhas" (R$ 19) tem sabores marcantes, excelentes se comidos separadamente, mas juntos não deram samba. Achamos a "Espuma de coco com baba de moça" (R$ 18) doce em excesso, o que na terceira colherada tornou a sobremesa enjoativa.
Mousse de chocolate amargo com calda de frutas vermelhas
Espuma de coco com baba de moça
Endereço: Avenida Ipiranga, 200 (Edifício Copan), lojas 27 e 29 – Centro
Telefone: +55 (11) 3257-2016
Horário de atendimento: Segunda à quarta das 12hs às 23hs, quinta a sábado das 12h à meia-noite, domingos das 12hs às 17hs.
Internet: http://bardadonaonca.com.br
Para garantir a tranquilidade dos clientes, a casa tem seguranças particulares, mesmo na hora do almoço.
Estacionamento: Não possui estacionamento próprio nem convênios. Os mais próximos: Edifício Itália (Av. Ipiranga, 344) e Hotel Confort (Rua Araújo, 141). Nos fins de semana, dá para deixar o carro na Av. Ipiranga e dar um trocado para o flanelinha, sem stress.
domingo, 8 de abril de 2012
São Paulo – Bar da Dona Onça: A melhor comida de boteco da cidade
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