quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dicas da Suíça: Lucerna


Kapellbrücke ("Ponte da Capela") toda florida

Lucerna é uma das cinco cidades mais lindas que já visitei – as outras são Praga, Edimburgo, Le Mont Saint Michel e Paris. Estive lá em 2008, fiz um “vale a pena ver de novo” em 2011 e conto os dias para visitá-la novamente. Lugar simplesmente inesquecível.

Distante apenas 45 minutos de Zurique, Lucerna tem população estimada em 60 mil habitantes (pequena para os padrões brasileiros, mas é a oitava maior cidade da Suíça) e recebe anualmente cerca de 2,5 milhões de visitantes, o que faz dela o principal centro turístico do país. Clima de cidade de interior, com aquela simpatia dos lugares onde todos parecem se conhecer, ruas estreitas, pequenos e centenários comércios, gente andando a pé, crianças correndo e alimentando os gansos no lago, bicicletas ao invés de carros. Sim, parece que o tempo parou em Lucerna.

Lucerna cresceu rodeada de privilegiada beleza natural, e soube fazer um bom uso do presente que recebeu: situada às margens do Rio Reuss, de água cristalina, banhada pelo Lago Vierwaldstättersee (também conhecido como “Lago dos Quatro Cantões” ou simplesmente “Lago Lucerna”, que possui a mais extensa navegação da Europa) e emoldurada pelos Alpes Suíços, nasceu uma cidade onde arquitetura e natureza parecem ter sido feitos um para o outro, com casinhas de madeira na beira do lago, construções medievais, góticas, barrocas e renascentistas convivendo em harmonia ao longo dos séculos e deixando a paisagem ainda mais bonita.


Rio Reuss e seus gansos

Fundada em 1178, Lucerna é considerada o coração geográfico e histórico do país. Estão lá testemunhos materiais de mais de 830 anos de história: de muralhas de fortificações medievais, passando por grupos de casas barrocas do século 16 ao futurístico Centro Cultural e de Convenções de Lucerna, projeto do arquiteto Jean Nouvel concluído em 2000, e que abriga a mais moderna sala de concertos do país e uma generosa programação musical. Lucerna aprendeu a ser moderna, mas sempre respeitando a natureza e cuidando bem de sua história.

Tudo em Lucerna acontece em torno da Kapellbrücke (“Ponte da Capela”), construção do século 14 que junto com a Wasserturm (“Torre da Água”) e o Rio Reuss formam o cartão-postal mais fotografado da Suíça. O lindo centro histórico fica na margem norte do rio e ostenta edifícios dos séculos 15-17 com fachadas pintadas, torres de vigia, bem como uma série de pontes de pedestres. Às margens do rio, restaurantes instalam mesas e cadeiras para que os clientes possam aproveitar os dias de sol, sempre acompanhado da centenária ponte e com os Alpes ao fundo.


Kapellbrücke ("Ponte da Capela") + Wasserturm ("Torre da Água") com a Altstadt ("Cidade Velha") ao fundo

Aliás, um dos charmes da cidade são justamente suas pontes: sete, ao todo. A formação de Lucerna está diretamente relacionada a elas e, pela abundância de água, por muito tempo foi conhecida como a Veneza Suíça. O rio só foi aterrado em 1860 e até hoje suas águas são controladas por barragens para evitar inundações. Em 1168 foi construída a primeira das pontes, quando a cidade ainda era uma aldeia de pescadores.

A melhor maneira de conhecer Lucerna é a pé, explorando suas ruelas levemente desniveladas e cruzando as pontes que atravessam o Rio Reuss. Em apenas 1 dia é possível conhecer as principais atrações, mas separe 2 dias para visitar tudo sem pressa, entrar no ritmo da cidade e apreciar o tempo passar nas escadarias em frente ao Rathaus (“Prefeitura”), comendo um bom chocolate suíço. Para os que desejam visitar as montanhas, é só colocar 1 dia a mais no pacote.


Uma das sete pontes sobre o Rio Reuss

Por fim, sua proximidade com os Alpes permite que Lucerna seja muito procurada como ponto de apoio por praticantes de esqui, já que possui fácil acesso a quatro montanhas míticas: Pilatus (subida feita pelo bondinho mais íngreme do planeta, com incríveis 48% de inclinação, e tobogã com 1.300 metros de extensão no verão para a descida), Rigi (lugar da primeira linha de trem da Europa a subir montanhas, também recebeu o primeiro trem a vapor do continente, em 1871), Stanserhorn (famosa pelo teleférico Cabrio, de dois andares e com a parte superior aberta) e Titlis (a mais alta da turma, com 3020 metros).

Para mais informações sobre Lucerna, procure o Centro de Atendimento ao Turista, que fica na Bahnhofstrasse 3, em frente à Kapellbrücke, na Neustadt ("Cidade Nova"), na margem sul do rio, mesmo lado da estação de trem. O telefone de lá é +41 (0)41 227 17 17, e não se preocupe se o seu alemão não estiver muito bom: eles falam inglês.


Uma das muitas fachadas de Lucerna finamente decoradas

O Viajante Comilão recomenda – o que fazer em Lucerna:

1) Kapellbrücke (“Ponte da Capela”): Construída em 1333 sob o rio Reuss, é a ponte de madeira coberta mais antiga do mundo, erguida para fortificar os limites da cidade e mais tarde interligar a Altstadt ("Cidade Velha"), na margem norte do rio, com a Neustadt ("Cidade Nova"). Aberta ao público no século 17, o artista Henry Wagmann fez 147 pinturas ilustrativas para adornar seus 204 metros de extensão, que contam lendas, combates e histórias referentes à cidade, mas um incêndio ocorrido em 1993 destruiu uma centena delas. Hoje, após um árduo trabalho de restauração, é possível conferir 112 obras;


Kapellbrücke ("Ponte da Capela") florida: é primavera em Lucerna!

2) Wasserturm (“Torre da Água”): Localizado ao lado da Kapellbrücke, a torre octogonal em pedra já foi utilizada como prisão, câmara de tortura e torre de observação. Hoje é sede de uma associação tradicional da cidade, mas não é aberta ao público – com exceção da pequena loja de souvenirs no térreo. O conjunto ponte + torre é visualmente tão marcante que é considerado um dos principais cartões-postais da Suíça;

3) Rio Reuss e Vierwaldstättersee (“Lago dos Quatro Cantos” ou “Lago Lucerna”): Rio de águas cristalinas que corta a cidade, lar de gansos, o Reuss espelha a arquitetura dos edifícios que contornam o centro urbano, enquanto o Lago Lucerna, principal rota para chegar nas montanhas, convida o(a) turista para um passeio de pedalinho com a companhia dos Alpes ao fundo;


Vierwaldstättersee (“Lago dos Quatro Cantos” ou “Lago Lucerna”) com Alpes ao fundo, gansos e pedalinhos para aproveitar a paisagem

4) Spreuerbrücke (“Ponte dos Despejos”): Não tão badalada quanto sua irmã Kapellbrücke, foi a segunda ponte de madeira construída sobre o rio Reuss. Seu nome deve-se ao fato de que, na Lucerna medieval, era o único lugar da cidade onde era permitido lançar despejos ao rio. Datada de 1408, possui no seu interior 67 pinturas representando a Totentanz (“Dança da Morte”), uma alusão às epidemias de peste tão temidas nas cidades medievais. Sua conservação ao longo dos séculos a mantém original e com a mesma vitalidade de 600 anos atrás;

5) Löwendenkmal (“Monumento do Leão”): A escultura esculpida em parede de pedra natural por Bertel Thorvaldsen em 1820, faz uma homenagem aos mais de setecentos Guardas Suíços que foram massacrados em 1792 durante a Revolução Francesa, quando revolucionários invadiram e tomaram o Palais des Tuileries (“Palácio das Tulherias”) em Paris, França;



6) Museggmauer (“Muralha de Musegg”): Fazer uma visita até os resquícios da muralha construída em 1386 para delimitar e proteger a cidade é um passeio pela história de Lucerna. Das 9 torres construídas inicialmente, restam apenas 3 – Schirmerturm, Zytturm (onde está o relógio mais antigo da cidade, construído em 1535, famoso por tocar um minuto antes de todos os outros de Lucerna) e Männliturm. É possível visitá-las e caminhar no alto da muralha, apreciando uma bela vista panorâmica da cidade;





7) Jesuitenkirche (“Igreja dos Jesuítas”): Os jesuítas chegaram a Lucerna em 1534, fugidos da reforma religiosa ocorrida no país. Diferentemente da maioria dos Estados suíços, que aderiram ao protestantismo, Lucerna não o fez. Hoje, ela é metade católica, metade protestante. A igreja só foi concluída em 1666 em estilo barroco e tem como padroeiro São Francisco Xavier;


Moradores e turistas aproveitam para descansar e apreciar o tempo passar em frente a Rathaus

8) Hofkirche Sankt Leodegar (“Igreja de St. Leodegar”): É a principal igreja renascentista da Suíça e catedral da cidade, construída durante a Guerra dos Trinta Anos e fundada em 1639, no mesmo local onde antes existiu um mosteiro beneditino do século 8 e uma igreja românica do século 12, esta última destruída por um incêndio em 1633, do qual só restaram as torres em estilo gótico;



9) Altstadt ("Cidade Velha"): Edifícios dos séculos 15-17 com fachadas pintadas e arquitetura típica são a marca da cidade. Comece seu tour pelos edifícios na Rathausquai, uma rua de pedestres em frente ao Lago Lucerna, com destaque para o prédio da Rathaus (“Prefeitura”), que chama atenção pela torre e o telhado vermelho, vindo de Berna. Adentre as ruas estreitas e aprecie as praças com fontes góticas e a arquitetura das casas no centro histórico, decoradas com lindos afrescos. Termine o passeio na Weinmarkt (“Praça do Mercado de Vinho”), uma feira ao ar livre realizada todo sábado de manhã em frente ao Kapellbrücke e que reúne produtores de azeites, queijos, vinhos, frutas vermelhas...



10) Gletschergarten (“Jardim dos Glaciares”): Jardim-museu aberto em 1873 e localizado ao lado do Löwendenkmal, tem rochas originárias da Era do Gelo que provam que, há 20 milhões de anos, o oceano banhava a Suíça e a região do Lago Lucerna tinha clima subtropical. Exposições interativas explicam que já foram encontradas amostras de grãos de areia do deserto do Saara nos Alpes, além de soldados e armas. A mostra também lembra de Ötzi, a múmia encontrada em 1991 nos Alpes italianos, a 3.210 metros de altura;

11) Kultur und Kongresszentrum Luzern (“Centro de Convenções e Cultura de Lucerna”): Lucerna é conhecida pelos seus maravilhosos festivais de música clássica, que acontecem todo mês de agosto. Projeto do arquiteto francês Jean Nouvel , o KKL é uma das melhores salas de concerto do mundo, com capacidade para 1.842 pessoas, que também abriga um centro de convenções e o Museu de Arte de Lucerna;

12) Tribschen: Bairro no subúrbio de Lucerna, conhecido por ter sido lar do compositor alemão Richard Wagner entre 1866 a 1872. Sua residência foi transformada em um museu.

O álbum completo de fotos de Lucerna pode ser acessado na página do Viajante Comilão no Facebook - http://www.facebook.com/OViajanteComilao.

Informações úteis:

1) Como chegar: Os maravilhosos e confortáveis trens de 2 andares da Companhia Ferrovária da Suíça (SBB) partem da estação Zürich HB a cada 50 minutos em direção a Lucerna. A viagem dura aproximadamente 50 minutos, as passagens custam a partir de CHF 12 por trecho. Também é possível chegar a Lucerna por Berna (1h20 de viagem, CHF 18,50 por trecho), Genebra e Lausanne (2h30 de viagem cada, são poucas as viagens sem mudanças de trem). Para mais informações sobre itinerários e horários, acesse o site http://www.sbb.ch/en, onde é possível comprar o ticket online.

2) O que comer: Em 2008 conheci o Rathaus Brauerei, em 2011 foi a vez do Hotel Des Alpes, infelizmente não tive muita sorte em nenhum dos dois. Para quem busca dicas, recebi boas recomendações do Geissmatt (geissmatt.ch), Old Swiss House (oldswisshouse.ch), Bellini (continental.ch), Wirtshus Zum Rebstock (rebstock-luzern.ch) e Berggasthaus Bannalpsee (restaurant-bannalpsee.ch), mas aviso que (ainda) não conheço nenhum deles. Outra opção que funciona muito bem é a feira de quitutes, ideal para quem deseja montar um kit com queijos, embutidos, azeitonas e pães, para comer no hotel mesmo, acompanhado lógico de um ótimo vinho.

4 comentários:

Anônimo disse...

Estou indo para a Suíça no final de janeiro deste ano e busco informações sobre o país para compor o meu roteiro de viagem. Simplesmente amei as informações do seu blog! Não achei nada tão bem explicado quanto ao que li aqui. Parabéns e obrigada por compartilhar seu conhecimento.

Anônimo disse...

Ótimas informações. Estou indo em agosto e seus comentários foram muito úteis. Obrigado.

Unknown disse...

Antonio, boa tarde!
Estou indo em fevereiro para a Suíça. Irei nas mesmas cidades que você foi, inclusive pequei todas as suas dicas...
Minha dúvida é: para esses dias, você acha que o Swiss Pass compensa? Ou farei mais economia comprando as passagens individualmente? Obrigada

Daniel Neves disse...

Olá Monica G,

Esta pergunta é sempre complicada, e a chave para respondê-la é saber quantas viagens de trem você planeja fazer enquanto estiver na Suíça.

Por exemplo, o Swiss Pass de 4 dias para 1 pessoa custa CHF 251, e de 8 dias sai por CHF 363, viajando de segunda classe.

Uma viagem entre Zurique e Berna custa cerca de CHF 25,50 por pessoa, por trecho, em segunda classe. Entre Zurique e Interlaken, CHF 35,50. Entre Zurique e Lucerna, CHF 13. E por fim, entre Lucerna e Interlaken, são CHF 11,60.

Vamos supor que você faça as três viagens (Zurique-Berna, Zurique-Lucerna e Lucerna-Interlaken), vai gastar cerca de CHF 100 ida/volta por pessoa.

Para valer a pena, você teria que ter mais de CHF 151 em descontos em passeios e atrações (para o ticket de 4 dias), ou CHF 263 no caso do Swiss Pass de 8 dias.

É verdade que o Swiss Pass dá vários descontos em museus e teleféricos, mas mesmo assim a conta será difícil de fechar.

E quando vale a pena? Quando seu roteiro inclui vários deslocamentos pela Suíça em pouco tempo.

Se não for o seu caso, é mais fácil comprar as passagens individualmente. Se você for bem disciplinada nos desclocamentos, dá para comprar antecipadamente no https://www.sbb.ch/en, já que alguns trechos/horários podem ser bem concorridos.

Um abraço!

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