quarta-feira, 29 de julho de 2015

Bogotá – Mediterranea de Andrei (Usaquén)


Bruschetta Boscaiola: cogumelos Porcini, tomate, alho, manjericão, azeite e mussarela de búfala

Restaurante de cozinha mediterrânea no burburinho gastronômico de Usaquén, com pratos clássicos da Espanha, Itália, França, Turquia, Líbano e Grécia. O lugar é um verdadeiro parque de parque de diversões para os amantes de vinhos, com mais de 150 rótulos de 11 países e a possibilidade de levar para casa duas garrafas de qualquer rótulo pelo preço de consumir uma no salão, o que oferece verdadeiros tesouros.

O lugar respira vinhos, e isso fica claro quando entramos no salão, com as paredes forradas de garrafas de tintos e brancos de diferentes países, além de garrafas vazias e a parte frontal de barris de vinho usados como decoração. Em cada mesa, um oxigenador de vinho (e que também é decanter) para os rótulos com mais tempo de garrafa. Se você não gosta de vinhos, provavelmente achará o lugar sem graça.









O cardápio é gigantesco, são cerca de 28 páginas e mais de 100 pratos entre peixes (bacalhau, atum, salmão, tilápia, serra, arenque), frutos do mar, carnes tradicionais e outras nem tanto (como pato e coelho), cordeiro, massas, risotos e arrozes, polentas, sopas e saladas, com boa oferta de pratos vegetarianos. As porções são bem servidas para compartilhar, em geral 2-3 pratos são suficientes para um casal. O menu completo e com preços está disponível no site do restaurante, uma atitude que sempre merece ser valorizada.

Como dica geral, a carta traz pratos interessantes, assim como algumas decepções, portanto é muito importante saber o que pedir para não sair frustrado e com a sensação de estar em um restaurante “pega-turista”.


Couvert: o babaganuche deles é ESPETACULAR


Pães para acompanhar a comida

Os garçons fazem seu trabalho com rapidez, ajudam na escolha dos pratos e até aconselham se você estiver pedindo muita comida, uma postura honesta da casa. Para a escolha dos vinhos, um sommelier de plantão orienta quais os melhores rótulos e o que combina melhor com os pratos, mais preocupado com o gosto do cliente do que com o preço da garrafa.

Abrimos a refeição com a simples e deliciosa “Bruschetta Boscaiola” (COP 19,300), uma fatia grande e grossa de pão coberta com cogumelos Porcini, tomate, alho, manjericão, azeite e pedaços de mussarela de búfala. A combinação de ingredientes é certeza de de um prato repleto de aromas e sabores, só acho que a fatia de pão poderia ser menos grossa – afinal, bruschetta de verdade é para ser comida com as mãos, não com garfo e faca.



Os “Buñuelos de Bacalao” (COP 24,700, 7 unidades) não agradaram. Os caras inventaram de colocar canela (???) na massa, o que altera a cor, o aroma e o sabor – para quem conhece bacalhau, é fácil perceber que isso é para mascarar o sabor de um pescado que não é da melhor qualidade – se você abrir o bolinho, é possível encontrar pedaços de pele e até espinhas. Evite.



O “Tartare Trufado de Res” (COP 26,500) leva carne crua marinada com mostarda Dijon, alcaparras e especiarias, finalizado com azeite trufado e acompanhado de fritas. É saboroso, tem um perfume intenso de trufa, mas passa longe do melhor tartar que já provei, pessoalmente esperava um tartar com carne cortada na ponta da faca, aqui a mistura não é homogênea, há pedaços grandes e partes muito moídas. Sem falar que é difícil harmonizar Dijon e azeite trufado, são dois sabores fortes que passam o tempo todo brigando, e no fim não é possível sentir nenhum dos dois em total plenitude. Mas é gostosinho.



O “Pan Tomaca con Manchego y Serrano” (COP 24,700) é uma das tapas mais simples e famosas da Espanha. A receita da felicidade: pão levemente tostado, molho de tomates sem pele e sementes com bastante azeite, fatias de queijo Manchego e jamón serrano. Inevitável não lembrar dos meus tempos em Madrid, comendo muito bem em uma das incontáveis casas de tapas por um punhado de euros, acompanhado de uma taça de vinho. Sem dúvidas um dos grandes acertos da carta, o queijo e o jamón são saborosos e bem servidos.



Partimos para os pratos principais e começamos com a “Cacerola del Pescador” (COP 36,400), um dos carros-chefe da casa, uma espécie de cozido que leva camarão, lula, polvo, mexilhão, grão de bico, pedaços de pescado e batata, servidos em um caldo levemente picante. Chega em uma panelinha de ferro, o que ajuda a manter a temperatura. Prato rústico e ideal para os dias frios, todos os ingredientes harmonizam bem com o caldinho bem temperado (e com picante muito suave). Entretanto, é um pouco pequeno para ser um “plato fuerte”, você precisará pedir mais alguma coisa para comer.



Entre as carnes, provamos o “Steak Dijon” (COP 39,100), dois tornedos de filet mignon com molho de mostarda Dijon, provavelmente uma das harmonizações mais clássicas da cozinha francesa. São cerca de 350 gramas de carne preparadas na grelha de carvão, levemente tostadas por fora, com maciez e suculência impressionantes, a carne desmancha na boca. A mostarda Dijon que eles usam é a “Ancienne”, com sementes de mostarda - para mim é a melhor para comer com carne, pois seu sabor é mais leve que a original, o que dá um toque bem interessante no sabor final. Incclui um acompanhamento, que pode ser polenta gratinada, purê de batatas ou batata frita, ratattouile, salada verde, espinafre salteado no alho ou gratinado.



Da carta de arrozes e risotos, ficamos tentados a provar o arroz de pato com chorizo, mas escolhemos o “Risoto al Porcini” (COP 36,400) para combinar com a carne e não nos arrependemos. Porção bem servida de cogumelos, o queijo gorgonzola é leve mas presente no paladar, o arroz é cozido no ponto certo e o risoto chega cremoso, do jeito que gosto.



Embora seja um restaurante, a principal atração da casa são os vinhos. São cerca de 150 rótulos de 11 países com preços bem interessantes (a grande maioria entre COP 61,600 e COP 128,700, mas existem rótulos até COP 382,200), além de 20 opções em meia-garrafa e vinhos por taça, porém a parte mais legal é poder levar para casa duas garrafas de qualquer rótulo pelo preço de consumir uma no salão. Vale dizer que isso não faz com que tudo seja imperdível, vinho ruim é ruim não importa o preço. Entretanto, isso oferece verdadeiras pechinchas.

Entre os achados, duas garrafas de Protos Reserva por COP 140,000, ou de Faustino I, um Gran Reserva de respeito, por COP 177,000. Você nunca pagará R$ 130 por duas garrafas de Protos Reserva no Brasil (nem por uma, para falar a verdade), baita chance de comprar um baita vinho e botar na mala. Só não me pergunte como ele conseguem um preço tão baixo – na loja em Bogotá onde encontrei o Protos Reserva com preço mais baixo, cada garrafa sai COP 110,000. A única crítica é que eles cobram 10% de serviço sobre os vinhos para levar, o que não concordo. Veja a conta antes de pagar, e reclame.


Suco de lulo (COP 5,900), porque nem tudo é vinho

Provamos dois vinhos, o Beronia Crianza 2011 (COP 38,200, 375ml) e o Ciù Ciù Falerio 2013 (COP 85,000, 750ml), o primeiro um perfeito exemplar de um clássico Tempranillo espanhol com 12 meses de barrica, um vinho jovem, leve e sem a estrutura de um reserva, porém com bastante fruta no nariz e boca. Já o segundo é um italiano de personalidade, assemblage branco das uvas Trebbiano, Passerina e Pecorino, três uvas que produzem resultados muito interessantes quando falamos de vinhos frutados, que juntas resultam em um vinho refrescante e com bom corpo, onde destacam-se as notas cítricas.



Os restaurantes em Bogotá não são bons na arte de sobremesas, foram poucas as que me surpreenderam até agora. Começamos com a Ilonka (COP 13,900), uma torta de três chocolates (semiamargo, ao leite e branco), molho de baunilha e praliné de amêndoas, acompanhado por sorvete de creme. Aqui os caras tinham uma baita oportunidade de trabalhar os três chocolates e criar diferentes texturas, talvez uma torta com diferentes camadas, cada uma valorizando um sabor. Só que eles optaram por misturar (!!!) os três e criar uma espécie de brownie de chocolate, não entendi nada. O gosto é de chocolate ao leite levemente amargo. É saboroso, tem boa textura, mas sem nada de especial.



Entretanto, o “Creme d’Avignon Negro” (COP 13,900) me fez morder a língua. A sobremesa é uma mistura de mousse de chocolate bem denso sobre uma base de compota de frutas vermelhas, por cima a casquinha crocante do crème brûlée e pedacinhos de chocolate branco. Esta mistureba funciona, cada colherada traz um pouco de mousse e da compota, o doce do primeiro combina perfeitamente com o azedinho do segundo. Não é inesquecível, mas em uma cidade onde achar sobremesas boas é uma raridade, ela brilha.



Endereço: Carrera 6A # 119B-05
Telefone: +57 (1) 612-9059 e 629-8279
Horário de funcionamento: Segunda à sábado das 12hs às 23h30, domingo das 12hs às 19hs
Internet: http://www.mediterraneadeandreiusaquen.com/

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