quarta-feira, 20 de abril de 2016

Vale Europeu, Santa Catarina: Timbó, Pomerode e Rodeio



Decidimos aproveitar uma viagem de carro entre São Paulo e Florianópolis para fazer uma rápida visita ao Vale Europeu, região do Vale do Itajaí catarinense formada por cerca de 50 municípios, entre os quais destacam-se Blumenau, Pomerode, Brusque, Gaspar, Timbó, Rodeio, Ascurra, Apiúna, Doutor Pedrinho, Indaial, Jaraguá do Sul e Rio dos Cedros, todos com forte herança cultural de imigrantes alemães, italianos, austríacos e poloneses.

Nosso tempo era escasso, então pulamos todas as atrações do roteiro de cicloturismo que forma o “Circuito Vale Europeu” – são quase 300km de trilhas que podem ser percorridas de mountain bike e que oferecem cachoeiras, grutas, cavernas e paisagens de tirar o fôlego, e focamos nosso roteiro em três itens: belas paisagens, arquitetura típica e excelente gastronomia. Após uma longa pesquisa, focamos nosso roteiro de pouco mais de 48 horas em três cidades: Timbó, Pomerode e Rodeio.

1) Timbó
Conhecida como “Pérola do Vale” por sua beleza e qualidade de vida, Timbó é uma típica cidadezinha de interior, com suas ruas de paralelepípedos colocados manualmente há décadas, duas avenidas principais, uma igreja, uma pracinha... Nas estradas sentido Rodeio (sul) e Pomerode (norte), são comuns as “casinhas de avó”, com arquitetura típica dos imigrantes europeus, seus jardins floridos na frente, sem falar que muitas propriedades simplesmente não têm muros.

A  principal atração turistica de Timbó é o “Complexo Turístico da Thapyoka”, composto pela Ponte da Thapyoka, em estilo estaiada, e pela Represa do Rio Benedito, construída por imigrantes alemães no século 19. A ponte da Thapyoka permite visão privilegiada do rio e da represa, o que atrai muitos turistas e também moradores da cidade, que procuram o lugar pelo sossego e belas fotos.













Quando o assunto é gastronomia, o Magnani Bistrô foi o grande achado da viagem. Restaurante com decoração imponente e cozinha mediterrânea de altíssimo nível, nos padrões de capitais gastronômicas, é um lugar caro, mas aqui você comerá o melhor risoto de trufas da sua vida, que pode vir acompanhado de vieiras ou coxa de pato desfiada (R$ 86 cada). Na lista de entradas, prove os anéis de lula chilena à dorê (R$ 38), o ceviche de peixe branco da casa (R$ 38) ou a “Punheta de Bacalhau” (R$ 42), porção de bacalhau desfiado imerso no azeite de oliva extra virgem, alho e cebola, todos espetaculares. A carta de vinhos da casa conta com quase 800 rótulos de todo o mundo.


Salão


Anéis de lula


Ceviche de peixe branco, feito com pedacinhos de banana no lugar do tradicional choclo


Punheta de bacalhau


Risoto de trufa com vieiras


Risoto de trufas com coxa de pato desfiada


Risoto de pêra com gorgonzola


Petit gateau (R$ 20): bonzinho, mas sem nada de espetacular


Ótima linha de cervejas e vinhos

2) Rodeio
Cidade colonizada por imigrantes vindos de Trento, na Itália. O dialeto trentino, a culinária típica italiana e os cantos e danças folclóricas são marcas registradas desta encantadora cidade que possui em torno de 11 mil habitantes.

A principal atração turística de Rodeio é o "Picol Paradis" (do dialeto trentino "Pequeno Paraíso”), também chamado de “Caminho das Hortênsias”. Localizado no bairro Ipiranga, é um trecho de 8km de estrada de terra batida rodeada por hortênsias. O ponto alto do passeio é o trecho com cerca de 64 estátuas de anjos com dois metros de altura cada, e a cereja do bolo é uma bela estátua de um Cristo Redentor com nove metros de altura.



O “Caminho das Hortênsias” é a realização do sonho do Sr. Paulo Notari, que o construiu como pagamento de uma promessa, após viajar pelo mundo inteiro. E é uma delícia conversar com ele, ele adora receber os turistas e contar suas histórias!





Ele conta que tudo começou com a promessa de plantar oito hortênsias, e hoje são incríveis oito quilômetros, que ficam espetacularmente floridos entre os meses de Novembro a Janeiro. O mesmo ocorreu com a estátua do Cristo, que inicialmente deveria ter apenas trinta centímetros, mas acabou com os nove metros atuais. Já os anjos, tudo começou com apenas três, e rapidamente chegaram a 33 (idade de Cristo) até atingir os 64 atuais, fabricados em sua maioria pelo próprio Sr. Paulo. Segundo ele, a ideia é chegar a cem anjos, além de construir um portal, feito de pedra com o Espírito Santo no centro, simbolizando o “portal do paraíso”.

Seguindo estrada morro acima mais uns 15 minutos, chegamos ao topo do Morro Ipiranga e ao Eremitério Bem-Aventurado Egídio de Assis, construção de pedra em estilo medieval que funciona como retiro espiritual de frades franciscanos. Localizado 750 metros acima do nível do mar, tem-se uma bela visão de Rodeio e arredores. No terceiro domingo de cada mês os padres franciscanos celebram uma missa no local, aberta para os visitantes.


Se você chegou aqui, um trecho em "T" com saída para esquerda e direita, e uma placa da Tirolesa K2, volte um pouquinho...


Esta é a estradinha que você terá que pegar - a única sinalização são estas duas setinhas no poste à esquerda


Ao final da estrada, você chegará no portão do Eremitério. Pare o carro e entre pelo acesso de pedestres à esquerda do portão


Um rápido trecho de paralelepípedos bem íngreme... 5-10 minutos, vamos lá, você consegue!


Calma, estamos quase chegando...


Só mais um pouquinho...


Ufa! Chegamos!

IMPORTANTE: Para chegar no Morro Ipiranga, pegue a saída com a placa “Vila Italiana” no centro da cidade, em frente a igreja matriz. Siga pela estrada de asfalto, passe por uma rotatória e duas lombadas. Em seguida você verá uma placa “Morro Ipiranga” com uma seta à esquerda, indicando para uma estrada de terra batida. Pode subir. Cerca de 10-15 minutos de subida, você chegará no “Caminho das Hortênsias”.


Tome a saída à esquerda para o Morro Ipiranga

Na descida do morro visitamos a Vinícola San Michele, que possui ótima seleção de vinhos tintos feitos com as uvas Nebbiolo e Sangiovese, além de um Cabernet Sauvignon sensacional, espumantes, sucos, chocolates e compotas. A visita começa com uma baita degustação, e a atenção do casal de argentinos que nos recebeu merece todos os elogios! Saímos de lá com o carro cheio!

Fechamos nosso roteiro por Rodeio na bela Igreja de São Virgílio, uma das muitas na região com arquitetura européia, localizada na estrada entre Rodeio e Timbó.



3) Pomerode
Conhecida como “a cidade mais alemã do Brasil” devido a grande quantidade de imigrantes de origem alemã que se instalaram e colonizaram a cidade no século 19, a cidade de 28 mil habitantes preserva suas tradições germânicas e mantêm traços culturais de seus colonizadores, tais como as bandas que tocam marchas típicas dos imigrantes e corais interpretando canções alemãs, grupos folclóricos que interpretam com seus trajes e coreografias as danças dos imigrantes, além de 16 clubes de caça e tiro.


Toten no centro de Pomerode, simbolizando as atrações turísticas da cidade e o artesanato da região

A “Rota do Enxaimel” é a mais famosa atração turística de Pomerode. Localizada no bairro de Testo Alto, acessado por uma saída à esquerda poucos metros antes do Portal Turístico Norte, trata-se de um trecho de 16km muito bem sinalizado onde é possível conhecer cerca de 70 construções em estilo enxaimel. Algumas casas funcionam como residências, outras como ateliês, e outras funcionam como confeitarias.



Também vale uma parada no Portal Turístico Sul, símbolo da cidade que abriga o Centro de Informações Turísticas e a Associação dos Artistas e Artesãos de Pomerode, espaço que comercializa o trabalho de cerca de 80 artesãos do município, entre souvenirs, cartões postais, peças de decoração, porcelanas, brinquedos, CDs e DVDs, biscoitos, queijos e geléias coloniais.


Portal Turístico Sul

Já o Portal Wolfgang Weege guarda a saída Norte da cidade, sentido Jaraguá do Sul. A construção é uma réplica em tamanho natural do Portal de Stettin, cidade que foi capital da Pomerânia, região de onde vieram os colonizadores, entre os anos de 1720 e 1945. Após a Segunda Guerra Mundial, Stettin foi integrada à Alemanha Oriental e atualmente faz parte da Polônia.

No quesito gastronomia, confesso que Pomerode foi uma grande decepção. Primeiro visitamos a Torten Paradies, confeitaria/restaurante famoso por seu café colonial. Totalmente turístico, o tal “café colonial” é na verdade um grande buffet (paga-se por peso) repleto de doces e salgados, com coxinhas, empadinhas, sanduíches de metro, salsichas no molho de tomate... e poucos itens da culinária germânica. A comida não é boa, falta sabor. A linha de doces é farta, mas os bolos são secos e não agradam – o que mais passou perto foi a Palha Italiana, mas o doce de leite é enjoativo demais. Ah, e a velocidade de reposição não dá conta da ferocidade dos turistas, que fazem do buffet um grande caos. Enfim, não vale.

Também passamos pelo Siedlertal, que talvez divida com o Wunderwald o posto de principal restaurante alemão da cidade. A qualidade da comida passa longe de agradar, e motivos não faltaram: arroz passado, feijão aguado e ruim, salada de batata com gosto excessivo de limão, salsichas wurst sem gosto e com nacos de gordura, strudel de maçã de microondas, de longe o pior que comi na vida. Nem uma simples picanha eles acertaram! Não recomendo. Só a cerveja salvou, uma Weihenstephaner deliciosa!


Salsichas wurst


Picanha


Strudel


Weihenstephaner, sempre um acerto!

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