domingo, 8 de janeiro de 2017

Castelo dos Mouros, Sintra (Portugal)


Vista do alto da Torre Real, ponto mais alto do Castelo

Com mais de 12 séculos de existência, o Castelo dos Mouros, também conhecido como Castelo de Sintra, fica situado na freguesia de São Pedro de Penaferrim, no concelho de Sintra, cerca de 25 km de Lisboa. O Castelo dos Mouros está integrado num conjunto de Monumentos Nacionais que fizeram com que Sintra fosse classificada em 1995 pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade.

Serpenteando por dois cumes da Serra de Sintra, a construção remonta à época da invasão dos mouros à Península Ibérica no século 8, que ali instalaram uma pequena aldeia com o nome de “as-Shantara“. O objetivo dessa construção não era defensiva, mas sim ser um ponto estratégico de todas as vias terrestres que ligavam Sintra a Lisboa, Mafra e Cascais.


Muralhas com a Torre Real no ponto mais alto



Uma cruzada Cristã inicial, liderada pelo Rei Afonso VI de Leão e Castela, conseguiu capturar o castelo em 1093, mas o pequeno exército foi expulso nos anos seguintes. Em 1147, a segunda cruzada Cristã liderada por D. Afonso Henriques conquista Lisboa, e os portugueses recebem de forma voluntaria e definitiva o Castelo dos Mouros.

Visando o seu repovoamento e defesa, o soberano outorgou Carta de Foral a Sintra em 1154, quando determinou reparos em suas defesas e a construção da primeira capela cristã do concelho, dedicada a São Pedro de Canaferrim.


Podemos ver toda a vila de Sintra a partir do Castelo dos Mouros, com o Palácio Nacional em destaque (na imagem, também vemos a Prefeitura e a Estação de Trem)

A medida que a Reconquista cristã de D. Afonso Henriques avançava para sul, o Castelo dos Mouros perdeu importância estratégica. No final do século 15, apenas alguns judeus habitavam o castelo, de forma a cumprirem a ordem régia que vigorava na época e os obrigava a viverem isolados do resto da população. Quando as minorias étnicas e religiosas foram definitivamente expulsas do país, o Castelo ficou definitivamente abandonado.

Durante o século 16, o Castelo dos Mouros encontrava-se completamente desabitado, tendo sido parcialmente destruído em 1636, quando um raio atingiu a torre central, e vendo a sua decadência agravada pelo terremoto de 1755, que destruiu parte das muralhas do castelo e a igreja.






Não parece que a pedra cairá sobre o Palácio Nacional?

Em 1839, D. Fernando II começou um processo de restauração do Castelo dos Mouros com o objetivo de não deixar desaparecer o que ainda restava das ruínas. Nesta época aconteceram os reparos das muralhas, a construção de vias de acesso e a arborização do ambiente. Pouco restou da construção original, apenas a base das torres e as muralhas serão parte da fundação inicial.

O castelo ocupa uma área de 12 mil metros quadrados, com 450 metros de perímetro cercados por duas linhas de muralhas e torres perfeitamente esculpidas na imponente serra irregular, entre pedras monumentais, uma floresta densa e sobre íngremes penhascos.


Escadaria para a Torre Real (esq) e para a Torre da Alcáçova (dir)

O passeio pelo lugar é imperdível, você pode andar pelas muralhas, subir nas torres, visitar os sítios arqueológicos e ter uma das melhores vistas de Portugal. Ao longo do passeio é possível admirar uma paisagem única que exibe, em primeiro plano, a vila de Sintra, o Palácio Nacional, o Palácio da Pena e o tapete verde da serra, estendendo-se até ao Cabo da Roca, a Praia das Maçãs, Mafra, Ericeira e o Oceano Atlântico.

A muralha tem 5 torres, quatro de planta retangular e uma de planta circular, encimadas por merlões piramidais, já sem vestígios dos dois pisos e do sistema de cobertura primitivos. A torre na cota mais elevada do terreno, conhecida também por Torre Real, local favorito de D. Fernando II para pintar, é acessada através de uma escadaria de 200 degraus.


Trilha de 800 metros que conecta a entrada principal (onde está a bilheteria) ao Portão das Armas, que dá acesso às muralhas





A entrada principal do castelo, chamada Portão de Armas, é em estilo árabe, arco em ferradura. Ao lado do portão podemos observar as várias fases de construção/reparação da muralha, das pedras regulares e ordenadas na base, construídas nos séculos 9 e 10, até as pedras do topo (erguidas nos séculos 12-20), com diferentes padrões.

Um pouco antes do Portão de Armas vemos à direita as ruínas da Igreja de São Pedro de Canaferrim, construção em românico, de pequenas dimensões, com planta longitudinal e nave única, sem cobertura. A capela-mor com abóbada de berço é de planta retangular e apresenta vestígios de frescos. A igreja tem dois portais, um de arco pleno de dupla volta assente em colunelos de capitéis decorados e outro com arco duplo apoiado em colunas semelhantes às referidas anteriormente com capitéis com motivos fitomórficos.


Torre da Alcáçova


Muralha externa vista do alto da Torre Real

Ao lado da igreja há uma cisterna de grande capacidade, que remonta ao período islâmico. Com as dimensões de 18 metros de comprimento por 6 de largura e 9 de altura, em seu interior abobadado brota a nascente que abastecia o Palácio Nacional de Sintra. O seu reservatório foi reconstruído após o grande terremoto de 1755.

Durante a caminhada pela muralha, você observará as várias bandeiras hasteadas, numa evidente referência aos vários momentos de ocupação do local, desde a primeira bandeira branca com uma cruz azul usada no reinado de D. Afonso Henriques (1143), posta sobre a Torre Real, até a atual bandeira vermelha e verde (desde 1910), posta sobre a Torre da Alcáçova, antiga Torre da Menagem, local onde residiam as autoridades civis ou eclesiásticas, e último reduto de resistência em caso de ataque inimigo.






O interior do castelo fica todo florido no Verão!

Outras 9 bandeiras adornam as 3 torres restantes além de 6 pontos de observação, passando pelos reinados de D. Sancho I (1185), D. João I (1385), D. João II (1481), D. Manuel I (1495), D. Sebastião (1557), D. João IV (1640), D. João VI (bandeira do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves adotada por D. João VI em 1816 quando governou o país a partir do Rio de Janeiro) e D. Maria II (1834). Por fim, temos uma bandeira com caracteres árabes, que traduzidos significam "Sintra", uma homenagem aos fundadores do Castelo.

Como chegar:

A melhor maneira de chegar até Sintra é o trem. O serviço é operado pela CP (Comboios de Portugal), os trens saem das estações do Rossio e Entrecampos, em Lisboa, com ponto final na estação de Sintra. O castelo fica cerca de 3,5 km do centro histórico, um caminho sinuoso e belíssimo, feito pelo interior da Serra de Sintra, conhecido como a Rampa da Pena.


Castelo dos Mouros visto a partir da Estação de Trem de Sintra, ...


do Palácio Nacional de Sintra, ...


do Palácio da Pena, ...


e da Quinta da Regaleira

O jeito mais fácil de chegar ao castelo é o famoso ônibus 434 da empresa Scotturb, com saída da estação de trem de Sintra, que faz o chamado “Circuito da Pena”, passando pelo Castelo dos Mouros e Palácio da Pena. A passagem ida e volta custa 6€, pode ser comprada na fila, bilheteria ou máquinas de autoatendimento. Em todos os casos, só notas e moedas são aceitos.

Para os aventureiros (e loucos) de plantão, há uma trilha de pedras e escadas que liga o Centro Histórico ao Castelo dos Mouros. São cerca de 1,5 km de subidas que não acabam mais, dentro da mata, um percurso que pode ser feito em pouco menos de 1 hora.


Evolução das bandeiras de Portugal ao longo da história (todas estão hasteadas nas torres e observatórios do Castelo)

Horário de funcionamento: Abre todos os dias, entre Outubro e Março das 10hs às 18hs (última entrada às 17hs), e das 9h30 às 20hs entre Abril e Setembro (última entrada às 19hs).

Quanto custa: Adultos pagam 6,50€, jovens até 17 anos e maiores de 65 anos pagam 5€, gratuito para crianças até 5 anos.

Para mais informações, acesse http://www.parquesdesintra.pt/parques-jardins-e-monumentos/castelo-dos-mouros/.

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