Carne-de-sol assada com manteiga-de-garrafa, alho assado, pimenta biquinho e chips de mandioca
Eu pensei 10.000 vezes antes de escrever uma resenha sobre o Mocotó. Não porque o restaurante não mereça – aliás, muito pelo contrário - , mas pelo fato da premiada casa do chef Rodrigo Oliveira já ser uma figurinha carimbada da gastronomia paulistana. E como o papel principal do blog é garimpar achados, a dúvida sempre me incomodou. Até hoje. Desisti. Eu sei que o review da Veja é legalzinho, mas tinha que fazer o meu.
Quem ainda não atravessou a cidade para encarar as longas filas de espera e provar as delícias brasileiras com um toque nordestino e um ar de criatividade, não sabe o que está perdendo.
Para começar, vale dizer que o lugar é longe, bem longe. O simpático bairro da Vila Medeiros, perto das rodovias Dutra e Fernão Dias, seria um dos muitos bairros paulistanos mergulhados no anonimato, não fosse o Mocotó. O restaurante recebe todos, desde os trabalhadores da região até o ex-presidente FHC, com a mesma atenção, o mesmo carinho. Da cozinha, saem verdadeiras jóias da cozinha brasileira com pleno uso dos ingredientes naturais, que colocam o restaurante entre os mais respeitados, elogiados e melhores da cidade.
Antes de sair de casa, estude bem o itinerário. Errar o caminho é algo comum para quem vai pela primeira vez, não se estresse. Se o GPS não falhar, se o Google Maps não fizer você entrar numa rua que é contramão, em pouco menos de 1h, saindo da Zona Sul, você chegará no restaurante. Muito procurado nos almoços e jantares, na opinião deste blog uma das melhores happy-hours de São Paulo, recebe multidões nos finais de semana – as filas para almoço de sábado figuram entre as maiores de SP, onde não raro uma pessoa pode esperar mais de 4 horas na fila. Sim, eu disse QUATRO HORAS. E você acha que a pessoa vai embora? Nem em sonho.
Salão principal
Mas qual o segredo do Mocotó? Seria o popular caldinho, o prato mais famoso da cozinha nordestina e que conquistou os paulistanos? Ou quem sabe a carne de sol fatiada com alho assado e pimenta biquinho? Ou talvez o baião-de-dois, incrementado com queijo coalho, linguiça, bacon e carne seca? Ou a carta de petiscos, servidos na happy-hour? Já sei: você acha que é seleção de caipirinhas e a cachaçaria com quase 300 (sim, eu disse TREZENTOS) rótulos. Acertei?
Na dúvida, chame os(as) amigos(as) e faça um verdadeiro rega-bofe de matar retirante, ao som do autêntico baião. Aliás, este é o mote da casa: receber grandes grupos para um degustação dos pratos e porções da casa, onde o ideal é pedir vários e experimentar um pouco de casa.
Para começar, vamos falar da Mocofava (entre R$ 9,90 e R$ 28,90, dependendo do tamanho), que como o próprio nome sugere mistura Mocotó e Fava. Servido fumegante, bem temperada, sustenta que é uma beleza e é perfeito para os dias frios.
Em seguida, os Dadinhos de Tapioca (cubinhos de tapioca com queijo coalho, dourados e servidos com molho de pimenta agridoce, R$ 16,90), uma invenção que só existe no Mocotó. Macio por dentro e com aquele gostinho de papel de queijo de feira que comíamos na infância, muda completamente de sabor quando mergulhado no tal molhinho de pimenta agridoce que o acompanha. Sensacional.
Outro acerto certeiro para abrir a refeição é a porção de Torresminhos (R$ 11,90), que pode ser servidos no formato de "pururuca" ou mais carnudo, com os pedaços de carne que derretem na boca e a casquinha crocante por cima. Uma sacanagem de bom. A bem servida porção de Mandioca Cozida (R$ 7,90) é amarelinha, macia e molhadinha - não conhecemos nenhum outro lugar em SP que sirva uma mandioca tão boa!
Entre os clássicos repaginados, o Baião-de-Dois (entre R$ 11,90 e R$ 32,90) é molhadinho e ganha sabores distintos dependendo da mistura de acompanhamentos no garfo – pimenta biquinho, salsinha, queijo coalho, linguiça, bacon e carne seca.
A Linguiça com Cebola-Roxa e Cachaça (linguiça de pernil artesanal flambada na cachaça com azeite, cebola-roxa, azeitonas e pimenta de bico; R$ 7,90 unidade e R$ 34,90 a porção com 5 unidades, servida com cesta de pães artesanais) é suave e saborosa, mas não empolgou tanto. No dia da visita, faltou a pimenta de bico, a azeitona e o pão.
Para a tristeza geral da nação, os aclamados bolinhos que fazem a alegria na happy-hour durante a semana, não são servidos nos finais de semana. No dia da visita, saíam da cozinha bruschettas de carne seca, tomate, brócolis e gratinada com queijo coalho (R$ 9,90), simplesmente divinas! Carne saborosa, tempero com toque picante, queijo por cima, pãozinho crocante. Deveria fazer parte do cardápio fixo.
Outro prato que surpreende pelo sabor é a Carne-de-Sol Assada (carne-de-sol com manteiga-de-garrafa, alho assado, pimenta biquinho e chips de mandioca; R$ 34,90). A carne derrete na boca. O jeito certo de comer: passe o alho assado em cima da carne, como uma pasta, coloque uma pimenta biquinho em cima e agradeça aos céus.
A Carne Seca Desfiada com Cebola Roxa (carne seca puxada na manteiga-de-garrafa, acompanhada de pimenta de bico, mandioca cozida e jerimum assado com mel e especiarias; R$ 34,90) tem sabor acentuado pelas especiarias, que contrasta com as notas adocicadas da cebola roxa.
Mandioca cozida, que acompanha a carne seca desfiada
Na linha de escondidinhos, a versão de mandioca com carne seca merece suspiros. Servido numa tigela em formato de suflê, tem uma cremosidade sem igual, generoso recheio de carne seca e requeijão. O purê é preparado numa geringonça chamada Thermomix, que o deixa com uma textura incrivelmente cremosa. Como se não bastasse, o gratinado de queijo coalho é o golpe de misericórdia.
Para quem busca uma ótima happy-hour, além do cardápio da casa, o Mocotó tem uma carta de petiscos de tirar o fôlego. São 5 opções, uma por dia, servidas somente após às 19hs. Destaques para o Bolinho de Feijão Branco e Linguiça (quintas; R$ 4,50 cada ou R$ 26,90 a porção com 7 unidades) e os Pasteizinhos de Carne-de-Sol (sextas; R$ 5,90 por 2 unidades ou R$ 18,90 pela porção com 7 pastéis).
Bolinho de Feijão Branco e Linguiça
Bolinho de Feijão Branco e Linguiça
Servida somente aos sábados, a Costelinha de Porco à moda do Engenho (Costelinha de porco desossada, recheada com pernil e servida com abacaxi dourado na manteiga, mandioca cozida e molho de mel de engenho; R$ 69,90) desmancha no garfo e derrete na boca. Eu tentei, mas não consegui expressar em palavras o que comi. Inesquecível.
Para beber, a carta de cervejas oferece as “mainstream” nacionais e cerca de 15 rótulos artesanais, todos da terra brasilis - destaques para as excelentes Bamberg Weizen (R$ 19,90), Saint Bier Chopp Belgian (R$ 19,90), Amazon Beer Taberebá (R$ 15,90), Backer Três Lobos Bravo (R$ 15,90) e a imbatível Coruja Cerveja Viva (R$ 27), que também pode ser levada para casa em uma simpática embalagem à vácuo (acrescente R$ 5 no preço). As caipirinhas (preços entre R$ 14,90 e R$ 22,90) são famosas na cidade toda.
Quando o assunto é cachaça, o Mocotó é referência. O “Clube da Cachaça” é um dos mais respeitados do país, com quase 300 rótulos à disposição. Você pode ter sua própria garrafa e degustar quando quiser, ou se preferir pode apreciá-las em sistema de degustação - são 3 pacotes com preços entre R$ 39,90 e R$ 79,90, por 7 doses. No pacote mais caro, você pode degustar marcas como Havana, Germana 10 anos, Vale Verde 12 anos, Datulha Ouro. Um baita negócio.
Para os que buscam algo mais suave, a oferta de sucos naturais (R$ 5,90) explora bem as frutas do nosso país – peça o suco de açaí com leite, gostoso e suave, dá vontade de beber um litro sem parar. Entre as bebidas mais tradicionais, a boa e velha Tubaína (R$ 3,90; 600 ml) sempre agrada.
Sucos de Açaí e Graviola
Tubaína Conceição e a ótima Saint Bier Chopp Belgian (R$ 19,90)
Coruja Cerveja Viva, embalada à vácuo
Ainda sobrou espaço? Uma boa pedida para sobremesa é a Degustação de 4 doces (R$ 16,90) – escolha entre abóbora com coco, ambrosia, banana, caju em calda, cocada cremosa, goiaba cremosa, goiaba em pedaços, jaca em calda, leite cremoso e mamão, que ainda virão acompanhados de queijo coalho.
A inusitada combinação de Sorvete de Rapadura com calda de Catuaba com Vinho Tinto (R$ 9,90) surpreende pela mistura de sabores - entra o melaço da rapadura, o azedinho da catuaba, o toque marcante do vinho tinto. Pessoalmente prefiro apreciar os sabores de forma separada, mas a Luciana adorou a mistura!
Endereço: Av. Nossa Senhora do Loreto, 1100 - Vila Medeiros
Telefone: +55 (11) 2951-3056
Horário de funcionamento: De segunda a sábado das 12hs às 23hs, domingos e feriados das 12s às 17hs
Estacionamento: Vallet na porta (R$ 10 durante a semana, R$ 20 nos finais de semana)
Internet: http://www.mocoto.com.br/
domingo, 13 de janeiro de 2013
São Paulo – Mocotó Restaurante e Cachaçaria
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1 comentários:
Procurei informações sobre o restaurante Mocotó e descobri o seu blog.... Gostei, pois alguns já fui e concordo com seu ponto de vista ..... Vou passar a seguir seu roteiro pra ver se as opiniões continuam batendo .....
Vou semana que vem no mocotó e posto aqui minha experiência !!!
E continue aumentando essa lista aê !!!!
Abs,
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