Tempura Ko
Restaurante de comida asiática com dez endereços em Bogotá, incluindo cinco das seis zonas gastronômicas (La Macarena, ou Zona M; Usaquén; Parque la 93; Zona Rosa, ou Zona T; e Zona Gourmet, ou Zona G). Meu fiel companheiro, me salvou em vários momentos de fome e bolso curto, sempre com comida boa, farta e barata.
O ambiente lembra os tradicionais “izakaya” japoneses, um lugar informal para encontrar o pessoal após o trabalho, beber e comer boa comida. O salão é extremamente limpo, brilhante, claro e bem iluminado. Os janelões garantem a entrada de luz natural, e as grandes mesas comunitárias passam a imagem de uma refeição familiar, além de serem uma boa desculpa para puxar papo com seu vizinho e praticar um pouco de espanhol. Também tem um balcão no sushibar (aqui chamado de “barra”) e algumas poucas mesas de quatro lugares para quem busca um pouco mais de privacidade.
Salão
Com porções bem servidas e preços acessíveis, os salões vivem lotados e com fila na porta. Pessoalmente adoro chegar, “pular a fila” e ir direto para a barra, já conheço os sushimen e fico batendo papo com eles até chegar minha comida. Eles adoram me perguntar as coisas do Brasil, como são as cidades, como é o trânsito, a violência ou como está nosso futebol, e eu aproveito para perguntar coisas de Bogotá. Funciona bem, a comida chega rápido e o tempo sempre parece que voa.
Devo ter ido ao Wok umas 10 vezes, e se por um lado a comida sempre foi o ponto forte, nunca peguei nada ruim ou sequer “mais ou menos”, por outro o atendimento é um enigna: são muitas atendentes, elas correm o tempo todo feito umas desesperadas, mas ainda assim acho o serviço confuso e ausente. Cansei de chamá-las e ficar esperando alguém aparecer, elas simplesmente passavam por mim, abaixavam a cabeça e seguiam seu caminho. Por isso que passei a ficar no sushibar, a coisa lá funciona muito mais rapidamente.
O cardápio da casa faz uma deliciosa viagem de sabores por Japão, China, Tailândia e Indochina (região que contempla Vietnã, Laos e Camboja), explorando sabores tradicionais e invenções típicas de uma cozinha fusión, executadas sempre com perfeição. Disposto em formato de revista, o cardápio tem 27 páginas repletas de ilustrações dos pratos, e o melhor: você pode levá-lo para casa. Assim fica fácil: bateu aquela fome, é só escolher o que comer na sua cópia do cardápio e ir para o restaurante. A faixa de preços é o que explica o fenômeno Wok em Bogotá – o item mais caro do cardápio custa COP 31,900 (com exceção da canoa de sushi, que custa COP 79,900 e serve 3-4 pessoas).
Além de várias opções com carnes, peixes e frutos do mar, reúne uma seleção respeitável de pratos vegetarianos, um grande diferencial em relação a muitos restaurantes de Bogotá.
Do cardápio de entradas, o “Chili Gyoza” (COP 10,600) foi amor à primeira mordida. Sério, o negócio é viciante. Pense no gyoza tradicional, recheado com filet mignon e cogumelos, feito no vapor como manda a tradição japonesa. Depois de prontos, salteie os gyoza em um molho feito à base de azeite e pimenta chilli em pedaços, e sirva em uma cumbuca. O aroma que toma conta do ambiente é incrível. Simples e incrivelmente delicioso.
Gyoza tradicional...
... e o Chili Gyoza, provavelmente o melhor prato da carta
Da seção “Satays y Yakitoris”, não deixe de provar o “Satay de Lomo a la Limonaria” (COP 13,600), dois espetinhos de filet mignon moído e servidos com um molhinho apimentado à base de limão. Com uma cervejinha do lado, comeria vários.
Satay de Lomo a la Limonaria
Os “Calamares Wok” (anéis de lula empanados, servidos com um molho adocicado e uma maionese picante; COP 16,900) abrem a seção “Panasia”. Anéis sequinhos, lula deliciosamente preparada no ponto certo. O molho é gostosinho, mas é a maionese que faz a diferença – levemente apimentada, ajuda a valorizar o sabor da lula.
Chegamos ao “Phad thai”, prato clássico que abre a seção de delícias da culinária tailandesa. Feito na wok com uma pasta à base de arroz, cebola roxa, cebolinha, ovo mexido e várias especiarias, pode ser servido com frango e lula (COP 20,900), frutos do mar (COP 24,900) e camarões grandes (COP 30,900). Fã de frutos do mar como sou, fui na última opção. Um prato acolhedor, perfeito para aqueles dias mais frios. A porção de camarões é bem servida, e a combinação de temperos torna esta uma opção para quem busca um prato com sabores complexos, mas sem nada picante.
Phad thai
Da Indochina vem o “Bowl Vietnamita”, que combina tiras de filet mignon grelhado, pasta de arroz, spring roll vegetariano e cenoura ralada (COP 23,900). Comida simples e deliciosa, sabores individualmente marcantes, e que juntos formam uma explosão de sabores – tem o defumado da carne, o macarrão realçado pelo molhinho à base de vinagre que vem no fundo do prato, o spring roll sequinho com seus vegetais, o adocicado da cenoura.
Bowl Vietnamita
Ainda no Vietnã temos “Bowl de pollo con 5 especias chinas” (COP 19,900), são vários pedaços de peito de frango salteados na wok com shoyu e os tais cinco temperos chineses (que eles não contam quais são), com macarrão de arroz, pepino cortado bem fininho, manjericão, cebola e molho à base de vinagre. Um prato leve, suave e surpreendente, sem dúvidas a estrela é o frango, grelhado e temperado na wok, chega com o exterior levemente escuro por causa do shoyu. Outra pedida para quem busca uma refeição completa e sem pimenta.
Bowl de pollo con 5 especias chinas
Chegamos a minha seção preferida do menu, a culinária japonesa. Entre os pratos tradicionais, começamos pelos nigirisushi (preços entre COP 2,400 e COP 7,900 por unidade). As versões de salmão, atum, camarão e vieira são imperdíveis, sem falar do sushi de abacate, uma surpresa agradável.
Sushi de abacate e vieira
Os sashimis agradam bastante, o peixe usado por eles no preparo dos pratos é de qualidade.Entre as boas sugestões, salmão (COP 12,900, 8 unidades) e atum (COP 13,900, 6 unidades). A cada dia a oferta de peixes muda, vale dar uma perguntada para saber quais são os peixes do dia.
Sashimi de salmão
Sashimi de atum
Passamos aos temakis, que não são comparáveis aos que encontramos em SP, mas valem a pedida pela combinação de ingredientes e especiarias. O “Ebi Tempura” (COP 10,400) leva um “langostino” (camarão grande) empanado, vegetais e um pouco de ovas; já o “Spicy Temaki” (COP 11,600), servido com algum peixe do dia, mais cebolinha, abacate e maionese picante, pode ser trocado por atum, sem acréscimo no preço, ou salmão, com um pequeno acréscimo. Das três combinações, o atum atinge melhor resultado, harmonizando melhor com a maionese picante. No caso do salmão e do peixe do dia, a potência da maionese acaba prevalecendo.
Ebi Tempura
A oferta de makis revela o lado inventivo da casa, onde realmente a cratividade não tem limites. Existem umas opções com gosto estranho, como por exemplo maki com queijo gratinado por cima, mas em geral o cardápio revela grandes achados, opções que você comerá e dificilmente esquecerá.
Começamos pelo “Inca Maki” (COP 19,900, 8 unidades), um hossomaki (com alga) com peixe empanado, abacate, cebolinha e maionese picante. Confesso que tive dúvidas se o peixe aqui seria uma boa opção, e me surpreendi pelo resultado. O sabor suave do peixe, com a casquinha crocante, casa bem com o abacate, e a dupla ganha potência com a maionese levemente picante. Este é o típico exemplo em que shoyu e wasabi são plenamente dispensáveis, é um prato com identidade e brilho próprios.
Inca Maki
Meu maki preferido é o “Wok’N Roll” (COP 28,900), que combina kani (aqui chamado de “palmito de cangrejo”, um ingrediente meio desvalorizado nas cozinhas brasileiras, mas que aqui na Colômbia é bem respeitado), além de tempurá de langostino e cream cheese; do lado de fora vai um tartar de peixe e kani, maionese, cebolinha e molhos teriyaki e ajonjolí (à base de gergelim) finalizado com folhas de coentro. Sério, é uma invenção louca, uma mistureba de sabores que se combinam muito bem e fazem surgir um prato bom pacas, entre excepcional e inesquecível.
Ainda bem que o coentro vem em cima, recomendo que seja devidamente colocado do lado do prato, o sabor dele é forte demais e esonde a riqueza do prato. Aqui o camarão é a estrela e poderia muito bem fazer a música sozinho, mas a idéia aqui é compor uma bela sinfonia, e é aí onde entram os outros ingredientes. Prove o negócio e você vai entender o que quero dizer.
Wok’N Roll
Outro maki que atinge um ótimo resultado é o “Tempura Ko” (COP 27,900), que reúne tempura de langostino, kani, cream cheese, pepino e abacate, envolto em tempura ko (farinha de tempura misturada com ovo mexido), que na boca parece um crocante salgado, e finalizado com molhos teriyaki e ajonjolí. Outro prato que não precisa de shoyu e wasabi, reúne sabores impactantes.
Uma boa opção entre os makis vegetarianos é o "Veggie Zapallo Roll"(zapallo, uma espécie de abóbora; acompanhado de queso campesino, um queijo fresco muito consumido na Colômbia; além de maionese aiolli, com limão e alho, finalizado com molho teriyaki; CLP 12,900). Opção leve e saborosa, a abóbora e o queijo ganham um toque toque cítrico (graças ao aiolli) e um final doce (graças ao teriyaki).
Veggie Zapallo Roll
Para fechar, outra invenção que funciona bem, o “Spicy Guacamole” (truta com chilli, pepino, shoyu e guacamole; COP 17,900), onde o picante do truta harnoniza com o adocicado do guacamole e deixa as papilas gustativas meio perdidas – uma hora é doce, outra é picante, outra surge uma truta, outra aparece o abacate.
Lassi de frutas do bosque (esq) e Spicy Temaki (dir)
Da carta de sucos, lassis e smoothis, eu acho que provei quase tudo. Na verdade, falar “suco” é um pouco errado, são quase todos smoothies, bebidas cremosas e deliciosas. Um aviso importante: tudo é servido estupidamente gelado – se preferir sem gelo, peça claramente ao garçom que quer “natural”.
O que é realmente bom? Dos sucos, a mistura de morango e lichia (COP 6,400), o Ping Pong, de longe meu preferido (uvas tintas, lichia, limão e um pouco de soda; COP 6,600), tamarindo (COP 5,000) e Mango Lush (manga, limonada, maça e um toque de gengibre; COP 6,200). Dos lassis, preparados com iogurte natural, me apaixonei pelas versões de manga e banana (COP 5,600) e frutas do bosque (COP 5,900).
Ping Pong
A carta de sobremesas procura fugir do usual e oferece algumas opções bem interessantes, como o ótimo “Três Leches de Té Verde” (COP 8,200), uma recriação de uma das principais sobremesas da Colômbia, um bolinho molhadinho (como aqueles bolinhos de coco embrulhados em papel alumínio que comíamos na infãncia) pelos “três leches” (leite condensado, creme de leite e leite integral), porém com cor, aroma e gosto de chá verde, acompanhado por frutas vermelhas picadas (morango e framboesa), estrategicamente colocados para não deixar a sobremesa enjoativa.
Três Leches de Té Verde
Outra sobremesa que impressiona é o "Crumble de Manzana y Frutos Rojos con Helado de Vainilla" (CLP 9,400), um balde com pedaços quentes de maçã caramelizados no açúcar e canela, cobertos por uma calda de frutas vermelhas e finalizado com uma bola de sorvete de creme. Gigantesca, é ideal para compartilhar.
Crumble de Manzana y Uchuva con Helado
Para ver os endereços os horários e funcionamento, acesse http://www.wok.com.co/restaurantes.
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Bogotá – Wok: o melhor custo/benefício
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