terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Lisboa – Estádio da Luz e Museu Benfica “Cosme Damião”



Construído para a UEFA Euro de 2004, o Estádio da Luz é o maior estádio de Portugal, com capacidade para 65.647 espectadores, todos confortavelmente sentados. Estádio classificado pela UEFA com “categoria quatro” (equivalente à antiga classificação “cinco estrelas” da FIFA, pré-requisito para receber finais da Champions League e UEFA Europa League), foi palco das finais da Euro de 2004 (Portugal 0-1 Grécia) e da UEFA Champions League de 2013-14 (Real Madrid 4-1 Atlético de Madrid).

Em tempo: a lista completa de estádios classificados pela UEFA como “categoria quatro” pode ser consultada em http://www.worldstadiumdatabase.com/list-of-uefa-category-4-stadiums.htm.

Localizado na região norte da cidade e facilmente acessado por metrô, o estádio é a casa do Sport Lisboa e Benfica, clube mais vitorioso do futebol nacional, com 33 Campeonatos Nacionais, 28 Taças de Portugal e 5 Supertaças. No cenário europeu, são 34 participações na UEFA Champions League (atrás apenas do Real Madrid, presente em 45 edições), com 2 títulos (1960-61 e 1961-62) e outras 5 finais (1962-63, 1964-65, 1967-68, 1987-88 e 1989-90).


Tradicional estátua de Eusébio, localizada na avenida que liga o estádio ao museu, cercada de faixas e bandeiras dos principais times da Europa e mundo, uma homenagem ao ídolo que morreu em 2014


As duas peças mais valiosas do museu: troféus de campeão europeu em 1960-61 e 1961-62

A história do clube começa em 1904 com a fundação do “Sport Lisboa” por um grupo de 24 ex-alunos da Real Casa Pia de Lisboa nos fundos da Farmácia Franco, na zona de Belém, local que nos primeiros anos foi também sede improvisada do clube. Os primeiros jogos foram disputados nos terrenos públicos das Terras do Desembargador e em terrenos livres da CP (Caminhos-de-Ferro de Portugal).


Uma das únicas fotos que reúne os 24 fundadores do Benfica, 1904

As cores escolhidas para o primeiro uniforme foram o vermelho e branco, o escudo foi criado com base na imagem de uma bola de futebol, por razões óbvias, e uma águia (mascote do clube), simbolizando a “elevação da dimensão” do clube, seja lá o que isso significa. Como divisa, foi escolhida a frase em latim "E Pluribus Unum" (que também é o lema nacional dos Estados Unidos), a qual pode ser traduzida como “de muitos, um”.


Água do Benfica, presente na entrada principal do estádio

Em 1906 surgem os primeiros problemas com o campo: a CP proibe a prática do futebol nas suas propriedades, e os terrenos do Desembargador eram públicos, portanto qualquer um podia entrar no campo; quando a bola saía do campo, dava um trabalhão recuperá-la; e também eram frequentemente utilizados para exercícios militares do Regimento de Cavalaria, que deixavam o campo em mau estado. Com as dificuldades de arrumar um “campo próprio” vieram as dificuldades financeiras, e muitos jogadores decidem mudar para um clube da elite lisboeta recém criado na região de Campo Grande, chamado “Sporting de Portugal”.

Sim, daí começa a grande rivalidade que conhecemos – para quem acha que o maior rival do Benfica é o Porto, saiba que o “derby” entre Benfica e Sporting, chamado em Portugal de “Clássico dos Clássicos”, é o mais importante do país.


Passado e presente: à esquerda, convocação para um jogo em 1905, em papel timbrado da Farmácia Franco; à direita, troféu do 33° Campeonato Nacional, conquistado na temporada 2013-2014

Outro clube fundado em 1906 foi o “Sport Clube de Benfica”, dedicado a algumas modalidades, especialmente o ciclismo, do qual também eram sócios alguns dos fundadores do Sport Lisboa, entre eles Cosme Damião. Em 1908 os dois clubes decidem juntar forças - o Sport Lisboa tinha torcedores, e o Sport Clube de Benfica tinha um belo estádio, embora arrendado. Desta fusão nasceu o “Sport Lisboa e Benfica”, nome usado até hoje.

Além da mudança de nome, os dois escudos foram mesclados – o desenho final manteve o emblema do Sport Lisboa, com a introdução de uma roda de bicicleta, tal como podemos observar ainda hoje (o ciclismo sempre foi a segunda força do clube, até ser extinto em 2008). O novo clube manteve o foco no futebol, mas passou também a ser multidisciplinar, apostando em outros desportos.


Os escudos do Sport Lisboa (acima, esq) e Sport Clube de Benfica (acima, dir), clubes unidos em 1906 para formar o Sport Clube de Benfica

A década de 1950 é considerada uma das mais importantes na história do clube, com a conquista da Copa Latina em 1950 e o vice em 1957, competição considerada predecessora da Taça dos Campeões Europeus, mais tarde substituída pela UEFA Champions League; a construção do Estádio da Luz, inicialmente para 40 mil lugares, em 1954; e a chegada de Otto Glória, treinador brasileiro reconhecido por ter revolucionado e profissionalizado o futebol do Benfica.

Para os amantes do futebol, falar de Benfica é falar de Eusébio, ídolo máximo do clube e jogador mais importante do futebol português. Nas décadas de 1960-70 o “Pantera Negra” defendeu as cores do Benfica por 15 anos, onde conquistou 16 títulos nacionais (entre Campeonato e Taça), 1 título europeu (além de levar o time a outras 3 finais) e marcou 638 gols em 614 jogos disputados, uma marca impressionante. Pela seleção, foi o artilheiro da Copa de 1966, a melhor da história de Portugal. Em toda a carreira marcou 733 gols em 745 jogos.


Objetos pessoais de Eusébio, incluindo um presente de Bobby Charlton na Copa de 1966


Premiações individuais de Eusébio; duas Botas de Ouro, sete Bolas de Prata e uma Bola de Ouro

Para quem não sabe, o Benfica tem o segundo maior número de sócios do planeta – são 235 mil associados, atrás apenas dos 251 mil do Bayern München (apenas para constar, o maior clube brasileiro em número de sócios é o Internacional-RS, com 122 mil associados). Segundo a UEFA, o Benfica é o clube europeu com maior percentual de seguidores dentro do mesmo país, reunindo 47% do total de torcedores portugueses.

Assistir um jogo no moderno Estádio da Luz reúne duas emoções: a primeira é assistir o espetacúlo da torcida “Benfiquista”, que canta e vibra com o “Glorioso” (como é popularmente chamado o clube) durante os 90 minutos da partida, não importa o placar. A outra acontece antes do início de cada partida, quando uma das duas águias do clube, chamadas “Vitória” e “Gloriosa”, sobrevoa o estádio para dar sorte ao time.


Estádio da Luz


Estádio da Luz

O Benfica oferece um tour guiado pelas principais instalações do Estádio da Luz (adultos: €10 só estádio, €15 estádio + museu; menores entre 4-17 anos: €4 e €6, respectivamente; maiores de 65 anos: €6 e €10; famílias: €20 e €34), passando pela tribuna VIP, vestiário do time visitante, sala de imprensa, túnel de acesso ao gramado, banco de reservas e gramado, terminando na lojinha do clube.

O estádio é bonito, moderno e imponente, mas o Museu Benfica Cosme Damião é a jóia da coroa. “Só pode haver futuro se cuidarmos do nosso passado”, a frase na entrada ilustra bem o propósito do espaço inaugurado em 2013 que leva o nome de um dos fundadores do clube e técnico que mais esteve à frente da equipe (18 temporadas), dividido em três andares e com 29 seções temáticas que reúnem mais de mil objetos (o acervo total tem mais de 30 mil objetos) não apenas de futebol, mas das mais de 20 modalidades que o clube disputa (ou já disputou) profissionalmente, de atletismo a xadrez, de golfe a vela, de judô a rugby.


Torre de troféus que ocupa os três andares do museu


Painel com todos os troféus conquistados em 2014, em todas as categorias

Além dos troféus, documentos antigos e vasta memorabilia (uniformes, bolas, flâmulas, objetos pessoais dos jogadores e outros recebidos pelo clube nas inúmeras viagens realizadas), o museu propõe uma viagem pelos 110 anos de história do clube, contados em registros históricos de áudio, vídeo e fotos que passam pelos oito estádios usados pelo clube desde 1904 (Terras do Desembargador, Campo da Feiteira, Campo de Sete Rios, Campo do Benfica,  Estádio das Amoreiras, Estádio do Campo Grande, Estádio da Luz e Novo Estádio da Luz), partidas realizadas, perfil e números dos jogadores, treinadores e presidentes que passaram pelo clube.


Parte da ala dedicada aos jogadores estrangeiros


Painel com perfil e estatísticas dos principais ídolos da história do clube - são mais de 60 jogadores homenageados, entre eles o mestre Eusébio e o goleiro belga Preud'homme

Destaques para a seção dedicada ao mestre Eusébio, o maior ídolo da história do clube, com fotos raras e objetos pessoais do craque (incluindo as premiações individuais, como as duas Botas de Ouro, as sete Bolas de Prata e a única Bola de Ouro); a ala que relembra os principais jogadores que vestiram a camisa do “Glorioso” e a dedicada aos estrangeiros; o espaço dedicado aos torcedores; um enorme paralelepípedo vertical envidraçado que ocupa os três andares do prédio e que reúne mais de 500 taças; e um amplo corredor em forma de linha do tempo que traça um paralelo entre as conquistas do clube e os acontecimentos históricos em Portugal, na Europa e no Mundo.


Alguns dos objetos recebidos pelo Benfica em viagens pelo exterior, desde as tradicionais flâmulas, troféus estilosos e até um imponente dente de elefante, presente de Angola nos anos 1960



Para muitos, a cereja do bolo é a chance de conhecer uma das águias do clube bem de pertinho, e até bater uma foto com ela (€8). Se ela não estiver no museu, é só correr até a lojinha do clube (todos os dias, das 11hs às 14h30 e das 18hs às 20hs), embora às vezes a atração possa ser cancelada sem aviso prévio, principalmente se o bichinho fica estressado ou cansado.


Linha do tempo que traça um paralelo entre as conquistas do clube e os acontecimentos históricos em Portugal, na Europa e no Mundo


Entre as principais pessoas e acontecimentos retratados no museu, estão Oscar Niemeyer (2012), a Revolução dos Cravos (1974), o incêndio no centro de Lisboa (1988) e o acidente que vitimou todo o time do Torino, no voo de retorno à Turim após uma partida contra o Benfica (1949)

O álbum completo de fotos do Estádio da Luz e Museu Benfica “Cosme Damião” está disponível na página do Viajante Comilão no Facebook.

Endereço: Avenida General Norton de Matos, 1500. Para chegar, use a estação “Alto dos Moinhos” da Linha Azul do Metropolitano, mas também é possível acessar o estádio pela estação “Colégio Militar”, onde fica o imperdível Centro Comercial Colombo.

Horários de funcionamento:
- Tour: Todos os dias das 10hs às 17hs (fechado em dias de jogos). O ponto de partida do tour é o portão 18;
- Museu: Todos os dias das 10hs às 18hs (em dias de jogos fecha no horário de início da partida).

Mais informações sobre o Tour e o Museu: http://www.slbenfica.pt/pt-pt/estadio/visitas.aspx e http://www.slbenfica.pt/pt-pt/museu/home.aspx, ou pelo email visitasestadio@slbenfica.pt.

Outros links de interesse:
http://www.slbenfica.pt/Portals/0/Images/brochuras/visitas/visitas/sitePT/index.html
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/06/estadio-da-luz.html
http://www.cbenfica.com/estadios.html
http://www.slbenfica.pt/pt-pt/estadio/estadiosanteriores/historiadosestadios.aspx
http://www.cbenfica.com/historia.html

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