quinta-feira, 20 de março de 2014

São Paulo – Naru Restaurante & Sushi Bar


Sashimi de salmão marinado no shoyu e limão com anéis de lula: bom, mas bem apimentado

Conheci o Naru Sushi por recomendação de um colega, um gourmandise exigente e verdadeiro apreciador da boa gastronomia. Com unidades na Vila Madalena, Alto da Lapa e Perdizes, a proposta do restaurante me seduziu: iguarias vistosas e coloridas, preparadas como verdadeiras obras de arte, pratos com apenas 20% de arroz. Incluindo um generoso uso de frutas e cream cheese, sem dúvidas estamos falando de uma culinária japonesa repaginada. Mas será que o modelo do Naru agrada a todos, inclusive aqueles que, assim como eu, priorizam a culinária tradicional japonesa?

Tinha que provar comida tão elogiada, e embora tenhamos enfrentado alguns deslizes durante a única refeição que fizemos, ela foi suficiente para formular minha opinião. Para começar, o Naru deve ser um paraíso para quem gosta de “algo diferente”, quer fugir da combinação peixe-arroz e entende que manga, abacaxi e maracujá podem ser ingredientes de sushi. Por outro lado, aqueles que valorizam a culinária tradicional japonesa dificilmente veem com bons olhos a mistura de cream cheese com sushi (típica invenção brasileira), provavelmente torcem o nariz para frutas e com certeza balançam a cabeça negativamente para um sushi bar que sequer oferece niguiri de salmão.


Combinado de sushis e sashimis


Temakis de salmão (frente) e camarão (fundo)


Sushis de salmão com couve e salmão com camarão + cream cheese

O preço não é barato: rodizio completo com os peixes tradicionais de qualquer japa (salmão, atum e peixe branco), polvo, lula, camarão, ovas, pratos quentes e sobremesa por R$ 63,50 no almoço e R$ 76,90 no jantar durante a semana, nos finais de semana tem valor único de R$ 76,90 no almoço ou jantar. Além do rodízio a casa tem um cardápio de pratos quentes e frios com preços começando em R$ 28,50, sobre os quais não podemos opinar, pois não provamos nada.

Tudo o que está escrito neste post baseia-se unica e exclusivamente nas minhas impressões e do que achei do serviço como um todo, com destaques para cinco variáveis que compõem uma “experiência gastronômica”: localização, ambiente, atendimento, qualidade da comida e preço. Entendo que é antiético falar mal de um prato só porque eu não gosto de algum ingrediente. Se provei, minha opinião precisa ser a mais isenta e imparcial possível, e sempre que for o caso tenho a obrigação de deixar claro que não é o tipo de comida que aprecio.


Hot roll de salmão e cream cheese com couve frita


Salmão com ovas

Vamos aos itens que não gostei, mas que, repito, são questões de gosto. Para começar, o salmão usado no temaki é picado demais, parece uma pasta – pessoalmente, prefiro o peixe picado na ponta da faca, em pedaços pequenos, o que ajuda a manter seu sabor. Em alguns sushis, a quantidade de cream cheese é excessiva, às vezes até maior que o próprio pedaço de peixe. Posso estar sendo tradicional demais aqui, mas sushi de frutas não rola. E não sei como avaliar um lugar que não serve um clássico niguiri de salmão porque “tem muito arroz” – sei lá, é como ir em uma churrascaria que só serve salada.

Entre os itens classificados como deslizes, a porção de wasaki servida à parte com o temaki estava dura e esfarelando-se, como se tivesse ficado um tempão na geladeira. O guioza deles é na verdade uma trouxinha frita e minúscula, e para piorar com molho rosé (!!!) por cima. Os anéis de lula chegaram duros, borrachudos e ressecados, como se tivessem sido requentados, de longe os piores que já comi na vida. O shimeji estava com cheiro e gosto de manteiga queimada. O salmão grelhado estava com aspecto e gosto de gordura, fritura mesmo. Alguns sushis de camarão vieram com o crustáceo pequeno, outros com o médio, e todos os “djos” servidos estavam com arroz cru. Para fechar, a área do caixa, nos fundos do salão, tinha um forte odor de peixe, típico de peixaria (e não muito comum em restaurantes japoneses).


Deslizes: shimeji, guioza (são as troxinhas na parte de acima), anéis de lula, wasabi, salmão grelhado, camarão pequeno no sushi

O serviço pecou várias vezes. A casa ainda estava vazia, mas mesmo assim contamos 10 minutos até que alguém viesse nos atender, tirar as bebidas e oferecer o cardápio. Pedidos feitos, os itens começaram a chegar rapidamente, mas em alguns momentos os garçons ficavam todos concentrados nas mesas maiores. Nosso combinado de sushis e sashimis chegou no tempo esperado, mas veio sem nada de camarão e ovas. Chamamos o garçom e indicamos o problema, prontamente corrigido.

Mas nem tudo foi decepção. O temaki de camarão veio bem recheado, com alga fesquinha e crocante (aliás, todos os temakis tinham alga crocante), a couve frita servida com o combinado de sushis e sashimis estava fresca e crocante (diferente da servida com o hot roll, murcha e sem gosto), e os sashimis de salmão, atum, polvo e peixe branco estavam bem cortados e saborosos.

Entre as sobremesas, pedimos a banana empanada com calda de chocolate e o sorvete de gengibre, ambas insignificantes. Aliás, para quem duvida no potencial de inventividade da casa, é só olhar a lista de sorvetes no dia da visita: gengibre, canela e wasabi (!!!). Bem que poderia ter um creme, chocolate, quem sabe um morango...


Banana empanada


Sorvete de gengibre

Conclusão: Acho que a experiência no Naru foi importante para confirmar e consolidar minha preferência pela culinária tradicional japonesa. Importante que eles observem os deslizes acima e atuem para que não ocorram novamente – alguns são secundários, como o estranho guioza (com a variedade e fartura gastronômica dos rodízios atuais, quem pede tempo em forrar o estômago com guioza?), mas outros são cruciais e jamais deveriam ocorrer, como a manteiga queimada e o arroz cru.

Se você gosta de novidades, de sushis criativos com um toque de inventividade, de experimentar novos sabores, você vai adorar o Naru Sushi. Mas se você busca algo mais tradicional (e antes que alguém diga que “restaurante tradicional não tem rodízio”, sou da opinião que todo restaurante deveria oferecer um “menu degustação”, uma eficiente ferramenta de atração de clientes para apresentar o que a casa tem a oferecer), recomendo os rodízios do Dhaigo (Itaim e Santana), o Koban (Moema, Granja Vianna, Alphaville e Saúde), o Dairin (Brooklin) e o Sea House (Jardins)

Para consultar os endereços e horários de funcionamento, acesse o site http://www.narusushi.com.br/.

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