Bogotá

Tosta de Setas Portobello Confitados, Jamón Ibérico y Mozzarella de Búfala

Um dos restaurantes mais conceituados da cidade, casa espanhola do chef Paco Roncero, que embora seja famoso do grande público por ser um dos três jurados do MasterChef Colômbia, é reconhecido como um dos principais representantes da chamada “cozinha de vanguarda espanhola”, dono de restaurantes em Madrid, Ibiza, Shangai e Bogotá, além de duas estrelas Michelin. Sua casa em Bogotá oferece uma gastronomia de alta qualidade e com muita personalidade, uma verdadeira declaração de amor pela gastronomia ibérica. Tem uma das melhores cartas de tapas da cidade, um irresistível banquete de cores, aromas e sabores, que combinada com uma atmosfera intimista e shows de flamengo nas noites de quarta a sábado são uma viagem à Espanha sem sair de Bogotá.

O lindo casarão no coração da Zona G é dividido em restaurante e bar de tapas, com propostas gastronômicas distintas. Enquanto o restaurante aposta em um ambiente mais intimista e uma cozinha de autor com pratos mais elaborados, o bar de tapas respeita a proposta tradicional espanhola, são pouco mais de 50 opções de sabores ibéricos, uma mescla de pratos típicos e algumas repaginadas com toque de criatividade, mas sem perder o peso da tradição – tem chorizo, jamón, ovo mexido com batata e chorizo, fideuá, callos a la madrileña, cochinillo, pulpo a la gallega, gambas al ajillo, tortilla, Morcilla de Burgos, tostas, patatas bravas, croquetas...

O atendimento responde à altura do nível do restaurante e da cozinha, exatamente o alto padrão esperado para um restaurante de elite, com garçons interagindo o tempo todo com as mesas, ajudando com as sugestões de pratos de acordo com os gostos dos clientes, recomendando vinhos para acompanhar os pratos e verificando se tudo está bem. A cozinha trabalha com competência e mantém o alto padrão dos pratos mesmo com a casa cheia.

Couvert: pão quentinho e um dos melhores azeites que já provei na vida

Abra a refeição com os “pasabocas”, expressão em espanhol para as pequenas porções, aquelas que você come em uma ou duas bocadas no máximo, como o ESPETACULAR “Cojonudo” (COP 9,000 a unidade), que mistura uma tenra e saborosa fatia de uma bem preparada Morcilla de Burgos com um delicado ovo de codorna frito por cima (com gema mole, SEMPRE!), tudo sobre uma base de pão com tomate e finalizado com um pimentão pequeno. Poucas tapas conseguem combinar sabores tão típicos da Espanha com tanta sabedoria. Tem gente que não gosta de Morcilla, mas a de Burgos tem sabor valorizado pelas ervas e especiarias, além de ser frita, quase não é possível notar a presença de sangue, seja no aroma ou no sabor.

Cojonudo

Partimos para as croquetas, outra entidade espanhola. Provamos duas versões, de cogumelos Crimini (COP 3,000) e de jamón ibérico (COP 4,000), vendidas por unidade, ambas chegam com casquinha crocante e interior deliciosamente cremoso. A de cogumelos atinge melhor resultado, com seu sabor defumado típico e leveza que derrete na boca, já a de jamón mistura pedacinhos do embutido com a massa, é saborosa porém poderia ter sabor mais intenso – a do Sepúlveda, em Usaquén, agrada mais.

Croquetas de jamón (acima) e Crimini (abaixo)

Passamos para três tapas super tradicionais, começando com as “Gambas al Ajillo” (COP 32,000), que aqui são preparadas com cinco camarões extra grandes cortados pela metade, pincelados com alho e salsinha apenas para complementar o sabor intenso e levemente doce do crustáceo, que deve ser a estrela do prato. Obviamente o crustáceo é de excelente qualidade e seu sabor é marcante, porém “Gambas al Ajillo” que se preza deve ter alho, e aqui na nossa opinião ele poderia ser mais presente. Fora isso, o prato é espetacular, será difícil você comer outro camarão de mesmo tamanho, com a mesma qualidade e mesmo preço em Bogotá.

Gambas al Ajillo

Em seguida, provamos a “Tosta de Setas Portobello Confitados, Jamón Ibérico y Mozzarella de Búfala” (COP 29,000), duas fatias de pão com tomates fatiados, mussarela de búfala, cogumelos Portobello picados, uma generosa fatia de jamón serrano e um toque de azeite para finalizar. Tosta simples e vendida em qualquer bar de tapas espanhol, é a prova de que a gastronomia ibérica não precisa ser complexa e elaborada para ser inesquecívelmente deliciosa. Um dos grandes acertos da carta, todos os ingredientes precisam ser de qualidade superior para que a combinação não seja apenas “boa” - aqui ela deve ser “espetacular”, e eles realmente cumprem com o prometido.

Fechamos a segunda rodada com o “Pulpo a la Gallega con Espuma de Patata” (COP 34,000), prato tradicional da Galícia que aqui recebe a companhia de uma espuma de batata. Aqui tivemos mais um capítulo da nossa busca pelo melhor polvo de Bogotá, e ainda não foi desta vez que encontramos um vencedor. A porção tem 80 gramas de uma carne tenra e de qualidade, porém preparada com a pele e ventosas e que, novamente, chegam molengas e não crocantes. Não tem jeito, não desce, preciso tirar o excesso de pele para desfrutar o prato. A espuma de batata agrega pouco, confesso que não entendi sua função, seja na harmonização de sabores, seja ao oferecer uma outra perspectiva. Suponho que o “Pulpo Gallego a la Brasa” (COP 66,000), embora mais caro, ofereça um melhor resultado para os amantes de polvo.

Pulpo a la Gallega con Espuma de Patata

Como transição entre as tapas típicas e o “Grand Finale”, pedimos o “Pisto Manchego con Chistorra de Navarra” (COP 17,000), uma espécie de ratatouille com base de txistorra de Navarra (espécie de chorizo típico da cidade de Navarra) misturado com cubos de berinjela com molho de tomates, cobertos por vegetais (berinjela, abobrinha) e tomates fatiados, e finalizados com uma gema de ovo pincelada por cima. A foto fala por si, prato simples e bom demais! Vegetais de qualidade com leve gosto de defumado, txistorra tenra, sequinha e levemente apimentada, os sabores se misturam, se combinam e se complementam. Com a porção de pães do couvert, preciso de pouco mais (talvez uma bela taça de Tempranillo) para ser plenamente feliz.

Pisto Manchego con Chistorra de Navarra

Para fechar a refeição com estilo, provamos dois pratos principais, começando pelo espetacular “Cochinillo a Nuestra Manera con Puré de Naranja” (COP 62,000), um prato caro mas que vale cada centavo: como os autênticos cochinillos (novilho jovem) de Segovia, a carne macia é preparada no forno à lenha por 10 horas, o que a deixa com o toque defumado da lenha. Aqui faca não é necessária, a carne tem maciez ímpar, parece manteiga. Para acompanhar, purê de laranja e alcaparras, para mim completamente dispensáveis pois alteram demais o sabor da carne.

Cochinillo a Nuestra Manera con Puré de Naranja

A “Entraña de Angus con Ensalada Malagueña de Pimenton Asado y Tomate” (COP 42,000) foi o pedido perfeito para fechar uma refeição inesquecível. São apenas 150 gramas, mas é provavelmente a melhor carne que comemos após 1 ano e mais de 50 restaurantes em Bogotá. Servida “tajada” (em fatias), a carne chega com o interior levemente rosado, mas com textura e suculência preservadas. Feita em grelha de carvão, o sabor é acentuado pelo carvão e por um leve toque de sal grosso. O prato é acompanhado por uma salada de pimentões assados, pedaços de tomate e cebola roxa, além das excepcionais batatas rústicas da casa, fritas com a casca, sequinhas e com interior macio, que podem ser trocadas por fritas tradicionais ou salada.

Entraña de Angus con Ensalada Malagueña de Pimenton Asado y Tomate

Batatas rústicas

Para beber, o ótimo, docinho e carinho suco de "mandarina" (tangerina) da casa (COP 8,900), sangrias tinta e branca, e uma interessante carta de vinhos com boas opções de tintos, rosados e brancos com preços aceitáveis se levarmos em consideração o nível da casa (cerca de COP 100,000 a garrafa). Decidimos não ousar muito e pedimos o frutado Protos Verdejo (COP 80,000), nosso fiel companheiro em algumas refeições em Bogotá que brilhou em harmonizações com pratos orientais e tapas espanholas. A casa não oferece opções em meia-garrafa, e tem pequena oferta de vinhos em taça, geralmente dois brancos e dois tintos de média qualidade e preços elevados.

Suco de tangerina

Tivemos espaço para apenas uma sobremesa, e fomos felizes na escolha da “Tarta Torre La Vega” (COP 14,000), camadas de massa folhada intercaladas por creme de baunilha e uma pasta à base de amêndoas moídas. Quase nada doce, extremamente leve e incrivelmente saborosa, prevalece na boca o sabor das amêndoas, em seguida entram em ação o toque crocante da massa e por fim o aveludado do creme.

Tarta Torre La Vega

Endereço: Calle 70A # 5-67
Telefones: +57 (1) 744-6683 e 744-6689 (é fundamental fazer reserva)

Horário de funcionamento:
Gastro-Bar: Segunda a sábado das 11h30 à meia-noite, domingo e feriados das 9hs às 17hs.
Restaurante: Segunda a sábado das 12hs às 16hs e das 19hs às 23h30, fechado aos domingos.

Internet: http://versionoriginal.co/