São Paulo

Doces portugueses

Meu restaurante português preferido em São Paulo. A cozinha é especializada na rica culinária do Alentejo, com destaque para os excelentes e muito bem servidos pratos à base de bacalhau, além dos doces típicos, sem dúvida os melhores da cidade.

Nos seus mais de 20 anos de bons serviços prestados à gastronomia portuguesa, ganhou diversos prêmios do Guia 4 Rodas, o que certifica a qualidade da sua cozinha.

Decoração rústica e incomum, busca reproduzir um castelinho medieval, com pedras na entrada e no chão, azulejos antigos, brasões portugueses e tijolos à mostra nas paredes dos 2 salões. Os vasos de época, luz baixa e o fado de música ambiente, bem baixinho, ajudam a transformar o ambiente sisudo numa agradável taberna.

Fachada da casa

Da cozinha saem verdadeiras preciosidades, mas como os pratos portugueses demandam tempo no preparo, é normal que a comida demore um pouco para sair. Enquanto aguarda, o bom couvert da casa (pão francês, azeitonas pretas, manteiga, pasta de atum e linguiça portuguesa fatiada) ajuda a enganar a fome, e as ótimas porções de bolinhos de bacalhau (R$ 19,90 por 6 unidades, ou R$ 3,90 cada) e alheira frita (R$ 19,90, 6 unidades),um tipo de linguiça portuguesa, são uma prévia do que pode-se esperar: comida bem feita, fartamente servida e ricamente saborosa.

Fotos do ambiente

O atendimento no geral é razoável – quase sempre é muito bom, rápido, prestativo e cordial, mas às vezes dá umas escorregadas. Se o garçom demorar para aparecer, não anotar o pedido direito, esquecer o couvert, é só chamar o Sr. Elias, o gerentão que vive circulando pelo salão, que ele resolve rapidinho! Vale dizer que, como bom português, ele às vezes é direto, o que pode nos parecer falta de cordialidade, mas é o jeito dele.

Couvert da casa

O cardápio explora bem a culinária da região, com sopas/caldos, carnes e peixes, mas a estrela da casa é o bacalhau, disponível em 8 versões. Já provei todas nos 14 anos em que frequento a casa, e são muito boas, bem servidas, chegam à mesa na cumbuca de barro, fumegantes.

Bolinho de bacalhau e alheira frita

A minha eterna preferida é a “Bacalhau com Natas à Moliceiro” (bacalhau desfiado, cubos de batata, creme de leite fresco, gratinado). Outras opções de destaque e satisfação garantida: “Bacalhau à Zé do Pipo” (pedaços de bacalhau temperados com lingüiça portuguesa, brócolis, tomate, cebola, coberto com purê de batata gratinado), “Bacalhau à Brás” (bacalhau desfiado, batata palha, ovos mexidos, salsinha e azeitonas portuguesas) e “Bacalhau dourado à moda de Viana” (posta de bacalhau dourada no alho e óleo, acompanha brócolis, arroz e batatas).

Além do bacalhau, valem a visita o Caldo Verde (sopa de purê de batatas, couve picada e pedaços de linguiça defumada), a Feijoada Transmontana (feijão vermelho, couve, pedaços de carne de porco, linguiça ou paio portugueses, acompanha arroz) e a marcante Chanfana à Moda da Beira (carneiro assado no vinho com batatas assadas). Pratos tradicionais, sabores fortes e que são um verdadeiro mergulho nas tradições de um povo que ama comer e sabe fazer isso muito bem.

Bacalhau com Natas à Moliceiro

No almoço, os pratos da casa são servidos em porções executivas a preços bem camaradas – R$ 29,90 por qualquer porção de bacalhau, exageradamente servida para 1 pessoa mas que facilmente satisfaz 2 pessoas se for acompanhada por um arrozinho. Os pratos de carne/frango são um pouco mais baratos:
R$ 19,90, e satisfazem 1 pessoa.

No jantar e finais de semana, as porções de bacalhau são um pouco maiores, ideais para 2-3 pessoas, com preços bem competitivos, entre R$ 100 e R$ 120.

Nas noites de sexta e sábado, animados shows de fado tornam o jantar concorrido e transformam o salão principal numa pista de dança para os mais saudosistas.

Carta de vinhos com predominância dos rótulos da terrinha e boas opções de Aragonês, Castelão, Trincadeira e Touriga para acompanhar os pratos, a grande maioria com preços entre R$ 40 e R$ 70. Se a companhia não beber, não tem problema: oferece alguns poucos rótulos em meia-garrafa, com bom custo/benefício.

Bacalhau com Natas (acima) e Bacalhau de Forno (abaixo)

A comida é muito boa, mas as sobremesas alentejanas são um capítulo à parte, um verdadeiro atentado à gula e à balança! Havia muitos conventos no Alentejo, e as monjas produziam verdadeiras jóias juntando ovos, frutos secos (como amêndoas e nozes) e muito açúcar. Na minha opinião, o Portucale oferece os melhores doces portugueses de SP, sem concorrentes.

Ao final da refeição, quando você já estiver empanturrado(a) de tanto comer, o garçom trará à mesa uma bandeja repleta de delícias, uma mais bonita que a outra, numa mistura de cores e aromas que tornará a sua escolha realmente complicada: Pastéis de Santa Clara, Toucinho do Céu, Pingos de Tocha, Gracinhas de Cascais, Queijadinhas, Ovos Moles d'Aveiro, Sonho de Nozes, Farófias e Pinhas...

Toda vez que vou lá, sempre quero comer todas, mas nunca consigo ir embora sem comer (pelo menos) 1 Sonho de Nozes, ideal para quem, assim como eu, é apaixonado pelo fruto seco: lembra uma tortinha, com massa amenteigada e recheio generoso de nozes moídas com gema de ovo, fora as nozes em pedaços na cobertura. O negócio é uma bomba calórica, mas vale cada segundo das 2 horas que terei que passar na esteira depois... :)

Sonho de Nozes

Recentemente o Portucale entrou de cabeça na onda das compras coletivas, oferecendo pacotes para 2 pessoas com entrada, prato principal e sobremesa com até 70% de desconto.

Compras coletivas existem para que os estabelecimentos apareçam e conquistem novos clientes. Como nem sempre é possível obter lucro, deve ser usado com estratégia e foco. Para o público, é uma ótima alternativa para conhecer novos lugares sem ter que pagar o que seria cobrado normalmente. Ser bem atendido, comer muito bem e sair satisfeito é fundamental para que o cliente retorne e recomende a casa.

Um erro mortal é fazer das compras coletivas o carro-chefe da casa. Não existe mágica – para oferecer os mesmos pratos com descontos tão agressivos, e ainda assim ter lucro, é preciso cortar em algum lugar, e muitos lugares cortam na própria carne, reduzindo a qualidade da comida. O lucro imediato não se manterá no tempo - além de não fidelizar novos clientes, acabará perdendo os antigos.

Na minha opinião, a qualidade do serviço do Portucale cai quando o cliente chega com um cupom na mão. Percebi isso ao observar outras mesas, conversar com os clientes e ao comer no restaurante com um desses pacotes. O atendimento não é igual, a qualidade da comida fica instável – às vezes o gratinado não vem, o bolinho chega sem sal, o bacalhau de forno passa do ponto e chega com cheiro de queimado, o serviço demora para trazer as bebidas.

Não quero aqui insinuar tampouco teorizar nada, mas a diferença no produto final é uma constatação. Cabe aos donos observar, interagir com as mesas, avaliar (que tal uma pesquisa de satisfação no final?) e atentar-se ao serviço prestado: se é para fazer, que façam bem feito SEMPRE. Do contrário, o tiro sairá pela culatra – ao invés de novos clientes, surgirão reclamações e recomendações ruins, que custam muito para a imagem de uma casa e quase sempre são impossíveis de reverter. Fica a dica.

Endereço: Rua Nova Cidade, 418 - Vila Olímpia (quase na esquina com a Cardoso de Melo)
Estacionamento: Não tem. O posto de gasolina do outro lado da rua cobra R$ 8 (almoço) e R$ 12 (jantar).
Telefone: +55 (11) 3845-8929 / (11) 3848-0930 / (11) 8103-5659
Horário de atendimento: Terça a sábado das 12hs às 15h30 (almoço) e 19hs às 23hs (jantar), domingos das 12hs às 17hs. Não abre segunda.
Internet: http://www.portucale.com.br/