Misto de Peixe, Lagosta e Camarão
O que posso escrever sobre o melhor restaurante de pescados e frutos do mar do Brasil e que ainda não tenha sido escrito por ninguém? Para começar, posso dizer que a decisão de pegar um avião em SP, descer em Vitória (ES), alugar um carro e dirigir 70 km até Meaípe só para comer no aclamado Guaramare foi mais que acertada: foi a melhor refeição que fiz até agora em 2013.
Sem concorrentes à altura no país, conhecer o Guaramare significa viajar no mundo encantado de Vicente Bojovski, um macedônio que escolheu o Brasil para viver e nos ensinar um pouco da nobre arte de comer bem. Todo amante de pescados e frutos do mar deveria viver essa experiência pelo menos uma vez na vida.
Vicente chegou ao Rio de Janeiro em 1982, mudou-se para Guarapari em 1986, no mesmo ano em que abriu o primeiro Guaramare, em Guarapari. Os negócios prosperaram e o local ficou pequeno. A solução veio em 1995, com a mudança do restaurante (e da casa dele) para um terreno bem maior em plena Rodovia do Sol, que corta grande parte do Espírito Santo e que no trecho urbano de Nova Guarapari recebe o nome de Avenida Meaípe. Desde 1999 o restaurante recebe duas estrelas do Guia Quatro Rodas e foi eleito por TREZE anos seguidos o melhor restaurante de pescados do Brasil.
A frente do restaurante, pequena e discreta com um barco na porta e o nome “Guaramare” bem pequeno do lado esquerdo esconde o interior imponente, que merece ser admirado sem pressa. Dividido em vários ambientes e pensado nos mínimos detalhes, com paredes de tijolos à mostra, painéis coloridos pintados pelo próprio Vicente e decorado com artefatos marinhos, telhado sustentado por grandes toras de madeira, mesas redondas e gigantes, pequenas aberturas para que a luz natural valorize ainda mais a bela arquitetura, mas sem perder a atmosfera intimista. Nos fundos, o belo atelier do chef pode ser visitado, caso tenha interesse (e dinheiro) todas as telas em exibição estão à venda.
Completam a paisagem de cartão-postal a Lagoa de Nova Guarapari, onde os clientes podem apreciar a vista e tomar uma taça de vinho enquanto aguardam ansiosamente o preparo dos pratos, algo que pode levar até 1 hora, já que tudo é feito na hora, sem pressa. Ainda nos fundos, um canal entre o restaurante e a casa do Vicente, interligados por duas graciosas pontes de pedra, traz água da lagoa até o limite de um dos salões, onde há criação de peixes.
Os clientes são recebidos pelo próprio Vicente, que faz questão de orientar os pedidos e sugerir vinhos. O cardápio existe, mas é pouco utilizado – os clientes escolhem o que vão comer diretamente de uma enorme bandeja de cobre, onde ficam dispostos peixes rosados, camarões e grandes lagostas. Quase tudo é comprado de pescadores da região – apenas durante o verão, quando a demanda cresce, é preciso trazer algo de fora do estado.
O cardápio é enxuto: da grelha especialmente desenvolvida por Vicente saem suas criações, pescados fresquíssimos como Cioba, Pargo e Dentão dividem as grelhas com os camarões VG e lagostas gigantes, com quase 30 cm de comprimento. Os peixes recebem um leve toque de sal e vão ao braseiro com a cabeça e as escamas, retiradas somente na hora de servir para que não fiquem ressecados. Com a casca, os camarões são inicialmente levados à grelha para depois passarem rapidamente pela frigideira, a lagosta recebe tratamento VIP com azeite e alecrim fresco antes do contato com as brasas. Quem quiser, pode acompanhar de perto o preparo dos pratos diretamente na enorme churrasqueira.
Os funcionários são solícitos e super atenciosos, mas somente os irmãos Vicente e Risima (ela é responsável por preparar pessoalmente as sobremesas) podem servir os pescados para os clientes, levados à mesa em uma enorme paellera e recebendo somente nos pratos o toque final: uma generosa porção do famoso molho à base de manteiga, azeite e alcaparras. Completam o competente time a esposa de Vicente, a capixaba Nádia, que interage com os clientes, coordena o salão, os funcionários, a cozinha e faz com que a engrenagem funcione perfeitamente.
Os pratos principais custam cerca de R$ 150, no preço está incluída uma salada (alface, tomate, pepino, rabanete, berinjela grelhada, abobrinha à milanesa, cebola crua, repolho picado, queijo Minas) que ajuda a segurar a fome enquanto a estrela da festa não chega; uma fatia de "pão de alho" com azeite e uma pitada de salsinha, de sabor forte; o prato principal com acompanhamento (arroz à grega ou tagliarini); a sobremesa (pavê de pêssego da Ricima ou banana assada com sorvete de creme com um toque de cassis, as únicas sobremesas da casa), o café e um licorzinho para encerrar a refeição.
Pedimos a “Lagosta Grelhada” (R$ 150), uma lagosta gigante inteira cortada no meio, assada no braseiro apenas com azeite e alecrim fresco e servida com casca, e o “Misto de Peixe, Lagosta e Camarão” (R$ 150), o campeão de pedidos da casa, composto por um peixe inteiro (no dia da nossa visita era Pargo), uma lagosta grande e dois camarões VG. Embora os pratos sejam bem servidos para uma pessoa, ambos podem ser divididos sem problemas se você optar por abrir a refeição com uma entrada.
Dica (1): no momento em que os pratos estiverem sendo servidos, os(as) funcionários(as) perguntarão se você quer que retire a carne da casca. Diga SIM, e se não perguntarem, peça – sua refeição será menos trabalhosa e muito mais prazeirosa.
A fama do molho à base de manteiga, azeite e alcaparras é 110% merecida, o negócio é simplesmente sensacional. Esqueça o (ótimo, diga-se) potinho com azeite e alho que chega à mesa junto com a salada e peça uma porção generosa do famoso molhinho, que pode ser repetido à vontade, fica espetacular nos frutos do mar e simplesmente perfeito no peixe. Aliás, de longe o Pargo foi o melhor que já comemos EVER. Dica (2): O molho quentinho também fica espetacular no macarrão!
Lagosta com molhinho, também conhecido como "receita da felicidade"
Para acompanhar os pratos inesquecíveis, pedimos o ótimo vinho chileno Escudo Rojo 2009 (R$ 130), um 100% Chardonnay do Valle del Maipo que estagia por nove meses em barricas de carvalho de um ano de idade. Bela coloração amarelo claro, aromas clássicos de frutas tropicais, maduro e mineral na boca. O vinho chegará à mesa num baldinho de gelo para manter a temperatura, porém em algum momento você terá que deixá-lo fora por um tempo para que não fique gelado e fechado demais.
A carta de vinhos é competente e com boa variedade de rótulos (embora talvez um pouco inflacionada), mas a ótima notícia é que você pode levar seu vinho predileto sem pagar rolha. Outra vantagem é que no valor final da conta eles não cobram serviço. Talvez você tenha achado os preços dos pratos caros demais, mas se você colocar tudo na ponta do lápis, verá que a conta não é tão cara assim.
Endereço: Av. Meaípe, 716 (Rodovia do Sol, Km 65), Enseada Azul, Nova Guarapari (ES)
Telefone: +55 (27) 3272-1300
Horário de funcionamento: Sexta e sábado das 20hs à 1 da manhã, domingo das 13hs às 18hs, fechado de segunda à quinta. No verão (Janeiro a Março), abre todos os dias das 20hs à 1 da manhã. Fecha no mês de junho.
Internet: http://www.guaramare.com.br/
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Guarapari – Guaramare: O melhor restaurante de pescados e frutos do mar do Brasil
Comer & Beber em Guarapari:
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3 comentários:
Obrigada,por compartilhar. Estamos de férias,em Guarapari e amanhã vamos conferir está delícia! Joelma e Carlos - cariocas que moram em Aracaju.
O restaurante informa que estão suspensas as atividades por tempo indeterminado.
Espero que volte a funcionar algum dia. Era muito bom!!!!
A couple of visits to Guaramare were enough to make me agree with Viajante Comilao that this is (or was if it is closed now - a real pity) the best restaurant in Brazil for fish and seafood. Viajante's blog is a lot of fun but I wonder why there are no entries for Peru or Mexico, which have some of the best food in Latin America. Parabens, Viagante Comilão.
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