quinta-feira, 31 de outubro de 2013

São Paulo – NB Steak: A reinvenção do rodízio e o nascimento de um clássico


Paleta de cordeiro

O empresário gaúcho Arri Coser é referência quando o assunto é churrascaria rodízio – criador da rede “Fogo de Chão”, império de 23 restaurantes no Brasil e Estados Unidos vendido há dois anos para um fundo de investimentos por US$ 100 milhões. Após um período de descanso, ele resolveu voltar ao mercado. E quando Arri Coser está em ação, os concorrentes prestam atenção.

Mas para um empreendedor que conquistou fama e fortuna graças ao modelo de rodízio gaúcho, com direito a garçons de bombacha e aquela correria frenética de espetos pelo salão para manter os pratos (e estômagos) dos clientes cheios, voltar à ativa tinha uma única condição: não fazer o mesmo que antes.

Mas como mexer num time que está ganhando, arriscar-se a mudar um modelo de negócios já vencedor, e ainda assim continuar ganhando? A resposta foi criar um restaurante que mescla o serviço das churrascarias de espeto, mantendo a fartura tão querida dos brasileiros, com os cortes preparados na grelha e o ambiente das steakhouses. Ele reinventou o rodízio, e deu certo.


Fachada

Assim nasceu na NB (Na Brasa) Steak, a nova “galinha dos ovos de ouro” de Coser. O cliente paga um valor fixo (R$ 88, ou R$ 35 para crianças até 5 anos e R$ 60 para ficar só nos vegetais), valor abaixo do cobrado pelas melhores churrascarias de São Paulo, por uma seleção de 12 cortes que chega à mesa no sistema de “menu degustação” – linguiças (picante, tradicional e morcilla), costela de porco, bife ancho, chorizo, fraldinha, picanha, costela de boi, paleta de cordeiro, galeto e peixe do dia.


Linguiças

Antes que você pergunte: sim, a NB não deixa de ser um rodízio, mas as diferenças em relação às tradicionais casas são gritantes. Em primeiro lugar, os cortes são porcionados e servidos em travessas de louça branca, cortados no tamanho que o cliente quiser (as únicas exceções são picanha e fraldinha, servidas no tradicional espeto).

O ambiente não lembra em nada uma churrascaria, com aqueles salões claros, barulhentos e com garçons correndo de um lado a outro com espetos – imponente e elegante, tem iluminação leve e muita madeira de tons diferentes nas paredes, mesas e chão, que harmonizam e deixam o salão mais aconchegante. De um lado, um jardim com plantas, do outro divisórias com papel de parede e garrafas de vinho, algumas iluminadas por lâmpadas e outras vasadas, o que permite a passagem de luz natural. O isolamento acústico no teto ajuda a manter o nível de ruído baixo, mesmo com salão cheio. Tal reposicionamento de imagem visa atrair um público mais jovem e, principalmente, feminino.





Outra mudança importante foi implantada pelo chef francês Pascal Valero (ex-Le Coq Hardy e Kaá), que substituiu o tradicional buffet de saladas por porções à la carte – o cliente escolhe entre cinco opções no cardápio, incluídas no preço, como a Brie (brie, geleia de damasco e pimenta), a Mix Tropical (folhas verdes com molho de mel, fruta da estação e castanha do pará picada) e a de Quinoa com Maçã Verde, servidas em porções individuais. É o fim da fila de pessoas com pratos na mão.


Salada Brie


Salada Mix Tropical

Mas talvez a mudança mais esperada, embora ainda em processo de adaptação, esteja na qualidade do serviço. É verdade que a correria dos garçons (aliás, muitos rostos familiares da Fogo de Chão) empunhando espetos de carne praticamente desapareceu, também é verdade que ninguém fica passando a cada dois segundos oferecendo caipirinha pra inchar a conta, mas infelizmente as carnes continuam sendo servidas em velocidade de rodízio, uma após a outra, muitas vezes sem que o cliente tenha tempo de respirar entre um corte e outro, ou mesmo para degustar com calma o que acabou de pedir. Prestatividade é sempre importante, mas acho que aqui o serviço precisa de uma calibrada.

A carta de vinhos surpreende positivamente pela boa seleção de rótulos, com predominância de chilenos, portugueses, argentinos e brasileiros, a preços bastante honestos. A casa também oferece opções em meia garrafa e uma pequena seleção de vinhos em taça. Pedimos o ótimo Ventisquero Cabernet Sauvignon Reserva 2008, garrafa de 375 ml (R$ 52), um exemplar frutado e de bom corpo do Valle de Colchagua, região que produz meus tintos chilenos favoritos.



Enquanto o cliente escolhe a bebida (em tempo: por melhor que seja a laranja, por mais puro que seja, cobrar R$ 13 por um suco me parece um pouco exagerado) e a salada, pães quentinhos, embutidos (o salame é sensacional) e um gostoso patê de figado ajudam a passar o tempo enquanto as estrelas da festa não chegam.


Pães


Salame


Patê de fígado

Também com a assinatura de Valero, o trio de acompanhamentos das carnes (incluso no preço) é fixo: saem a batata frita e a banana à milanesa, entram os legumes assados e o tempurá de legumes, que fazem companhia para uma ótima polenta frita, crocante por fora e macia por dentro. Sem dúvidas, o NB Steak perde de goleada para as churrascarias rodízio tradicionais na variedade de saladas e acompanhamentos, mas é imbatível no quesito qualidade das carnes. Como sou 110% carnívoro, encontrei o paraíso.


Polenta frita e tempurá de legumes

Chega de delongas, vamos falar sobre as carnes. Todos os cortes são acima da média das melhores churrascarias rodízio da cidade, temperados apenas com sal grosso, e no mesmo nível das melhores steakhouse brasileiras. A espetacular linguiça tradicional (produzida em Encantado, na Serra Gaúcha) surpreende pela leveza e sabor, sequinha e suculenta. A costela suína tem um sabor marcante e defumado, só achamos que a peça servida tinha pouca carne.


Costela suína

As carnes vermelhas são cortes premium da Marfrig, de gado confinado alimentado com bagaço de cana e cevada, proveniente de fazendas em Boituva (SP), Rio Grande do Sul e Uruguai. O bife ancho provavelmente foi o ponto alto da refeição, servido ao ponto (rosado por dentro), a gordura entremeada deixa o corte incrivelmente macio e saboroso.


Bife ancho


Costela suína e bife ancho

O bife de chorizo foi o único corte que apresentou alguma oscilação, no primeiro a carne estava bem passada e dura, quase sola de sapato, embora o garçom tenha dito que estava “ao ponto”. Preferi não reclamar na hora e esperar um segundo corte, que segundo o garçom também estava “ao ponto”, mas que desta vez estava perfeito, rosado no centro e macio, exageros à parte nem precisava da faca para cortar. No fim da refeição, alertei o gerente sobre a diferença entre os cortes, uma vez que ambos foram supostamente servidos “ao ponto”.


Bife de chorizo

A próxima carne foi a fraldinha, lindamente servida no espeto. Outra carne que dispensa faca, tostadinha por fora e suculenta por dentro. Realmente irresistível. Na sequência, a costela de boi surpreende pelo corte, a peça é praticamente 90% carne. Única carne servida com presença de sangue, o sabor lembra a clássica Bisteca Fiorentina.


Fraldinha


Costela de boi

O serviço continuou com a picanha, que assim como a fraldinha é servida no espeto. Dourada por fora e rosada por dentro, a pouca presença de sal grosso enaltece o sabor clássico da carne. A paleta de cordeio merece juras eternas de amor, servida com casquinha crocante, carne macia e sabor muito acima de qualquer outra que já comi. Não experimentamos o molhinho de hortelã servido junto com a carne.


Picanha

Para finalizar a refeição, o galeto com pele crocante e generosamente temperado com ervas frescas, com boa presença de alecrim, desmanchava na boca; e o peixe do dia, uma posta mega saborosa de tamboril com molho de alcaparras e azeite.


Galeto


Tamboril

Eu sei que você está cheio(a) depois de tanta comida. Antes de pedir a conta, vamos falar sobre as sobremesas, cobradas à parte. O Pudim de Leite (R$ 18) é cremoso e denso, graças a boa quantidade de leite condensado, mas sem ser enjoativo. Extraordinário, divino. Os Churros ao Forno (R$ 16) são na verdade massas levinhas de eclair, acompanhadas por um doce de leite cremoso e servido em boa quantidade – ficaria melhor se o doce fosse argentino.


Pudim de leite

Valor da conta: 1 suco, 1 água mineral, 1 vinho 375 ml, menu degustação para 2 pessoas, 1 pudim, 1 churros, valet (estranhamente incluido na conta antes dos 10% de serviço, o que significa que você pagará os 10% também sobre o valet) = R$ 326, já incluindo os 10% de serviço. É claro que não é um restaurante barato, mas a mesma conta nas melhores churrascarias rodízio da cidade seria bem mais cara.


Churros

Conclusão: Esperamos 3 meses para visitar o primeiro restaurante da marca NB Steak aberta em São Paulo, acreditando que o tempo seria suficiente para arredondar e consolidar o serviço. Ainda faltam alguns itens muito pontuais, mas a excepcional qualidade geral faz com que os poucos problemas notados quase irrelevantes. Ao oferecer um modelo com qualidade superior de carnes e preço abaixo da concorrência, acreditamos que muito em breve a casa alcançará o posto de melhor rodízio de São Paulo. Os concorrentes precisarão reinventar-se, ou correrão o risco de ficar para trás.

Em Janeiro/2014 está prevista a abertura da segunda casa na capital paulista, na Avenida Faria Lima 140, pertinho do Largo da Batata. Os planos de expansão da rede são audaciosos: duas casas por ano nos próximos sete anos, totalizando 18 restaurantes até 2020.

Endereço: Avenida Vereador José Diniz, 3864 – Campo Belo (SP)
Telefone: +55 (11) 5093-6006
Horário de funcionamento: Segunda à sexta das 12hs às 16hs e das 18hs às 23h30, sábado das 12hs às 23h30, domingo das 12hs às 22hs.
Internet: http://www.nbsteak.com.br

2 comentários:

Denise disse...

"Venho a este espaço, relatar publicamente um fato absurdo ocorrido dentro do restaurante da Ramiro Barcelos, em Porto Alegre. No domingo, dia 27/04/2014, tive minha bolsa furtada do encosto da cadeira, em dez minutos dentro do restaurante. Fiquei muito nervosa, procurei em volta pra ver se encontrava alguem e, tanto o proprietário, Sr.Lemir Magnani, quanto os funcionários, não deram a menor importância ao fato, na verdade o que queriam era que eu saísse rapidamente dali e parasse de alertar os outros clientes. Pedi para ver as câmeras de segurança mas disseram que no domingo isto era impossível e me pediram para voltar na segunda. Quando retornei segunda pela manhã, fui atendida pela Paola Coser Magnani, filha do proprietário, Lemir Magnani, esta me levou para ver as imagens das câmeras, porém, para meu espanto e incredulidade, alegaram que somente as câmeras onde eu estava sentada e a da porta de entrada/saída, estavam em manutenção, apagadas. É um absurdo total a falta de comprometimento por parte do restaurante, no meu entender, o fato de terem apagado as câmeras, foi uma forma de não ajudar, não se envolver e se isentar da responsabilidade pelo ocorrido, que pode ter sido causado por qualquer pessoa. Na terça recebi um contato da Paola, dizendo que os advogados do estabelecimento haviam solicitado que eu enviasse uma relação dos meus bens furtados, fiz isto de imediato, mas em seguida me responderam que não ressarciriam nada, pois o estabelecimento se isenta de qualquer responsabilidade. Como penso o contrário, isto será decidido juridicamente. Fica aqui registrado o fato, por indignação total e também para alertar os frequentadores do restaurante, para que saibam que, caso venha a ocorrer algo parecido, não terão auxílio de ninguem, nem das câmeras, que servem apenas de "fachada", para nos dar uma idéia de segurança, que na verdade não existe. O restaurante em questão é hoje vencedor de vários prêmios, poderiam demonstrar isto com a devida atenção e respeito aos seus clientes." Denise John

Daniel Neves disse...

Olá Denise, resposta recebida do NB Steak nesta data:

"Olá Daniel, agradecemos a atenção em nos informar. A Diretoria do NB Steak já está cuidando desse caso desde que aconteceu, e nessa semana chegaram a um acordo amigável com a Denise John. Mais uma vez, agradecemos a atenção. Um grande abraço!"

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