quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Dublin – Guinness Storehouse



Dublin é sinônimo de Guinness. Tudo começou em 1759, quando Arthur Guinness (1725-1803), que desde 1755 já fabricava cervejas Ale, resolveu alugar um pequeno galpão de 4 hectares na St. James’s Gate, no coração de Dublin, e instalar ali uma pequena cervejaria para produzir uma “porter” cremosa, com malte irlandês, lúpulo, água e levedura.

Com os passar dos anos a operação rapidamente expandiu-se até ocupar os dois lados do rio Liffey (que corta Dublin). Em 1886 já era a maior cervejaria do mundo, com cerca de 1 milhão de barris produzidos por ano. No ápice, a fábrica chegou a ter sua própria estrada de ferro para distribuir a bebida. Na década de 1930, empregava mais de 5000 pessoas, tornando-se o maior empregador na cidade. O aumento da automação reduziu a força de trabalho para cerca de 600, mas o complexo industrial com mais de 50 hectares ainda produz cerca de 1,7 milhão de litros de cerveja preta todos os dias.


Diferentes visões da fábrica em St. James's Gate. Destaque para a pequena capela, usada pelos funcionários e com 250 anos de história. Você pode encher a cara e passar na capela depois para casar!


Um dos portões em St. James's Gate e diferentes visões do Guinness Storehouse, incluindo um desenho do edifício com a pint gigante em destaque

A fusão da Guinness com a Grand Metropolitan em 1997 criou a Diageo, gigante do segmento de bebidas e dona de marcas como Smirnoff, Johnnie Walker, Baileys, Moët & Chandon e Veuve Clicquot, o que trouxe robustez e capilaridade para a operação. Atualmente a produção da Guinness está distribuída em 55 países, totalizando 10 milhões de pints todos os dias (em tempo: uma pint tem exatos 568ml) e 21 milhões de hectolitros por ano, o que corresponde a 1% da produção mundial de cerveja. Consumida em mais de 150 países, dona de 80% do mercado mundial de cerveja “stout” e com vendas anuais de 850 milhões de litros, é a marca de cerveja mais conhecida do mundo.

A Guinness Storehouse é a principal atração turística da Irlanda, recebendo mais de 1 milhão de visitantes todos os anos (92% dos quais são estrangeiros). Localizada em um edifício de seis andares contruído em 1904 e que foi usado como planta de fermentação da cervejaria até 1988, foi a primeira construção com estrutura de aço a ser erguida na Irlanda.


Contrato original de aluguel assinado por Arthur Guinness em 1759

Reaberto em Dez/2000 como museu, reúne em seis andares vasto conteúdo audiovisual interativo, exposições e memorabília que passam por todos os aspectos da história da cervejaria, incluindo ingredientes, fabricação, transporte, tanoaria (fabricação de barris de madeira) e publicidade. A visita vale mesmo para quem não é fã de cerveja, já que a história da Guinness é também contada junto com a história de Dublin e da Irlanda.

O interior do edifício recebeu um atrium arredondado de vidro que ocupa todo o edifício, em forma de uma pint gigante. Se resolvessem encher este copo, teria capacidade de armazenar 14,3 milhões de pints de Guinness (algo como 8 milhões de litros). No térreo fica a maior loja de merchandising da marca no mundo, que vende tudo o que pode imaginar (camisas, canecas, acessórios de cozinha, abridores, roupas íntimas, etc) usando o famoso  logotipo em forma de harpa.


Em sentido horário: lúpulo (hops), cevada (barley), levedura (yeast) e água, os quatro ingredientes necessários para fazer uma boa cerveja

A viagem começa pela história de Arthur Guinness, o início da cervejaria e passa por todas as etapas de produção, onde é possível conhecer cada um dos ingredientes (água, cevada, lúpulo e levedura) e as primeiras máquinas usadas na mistura e fermentação. Destaque para o contrato original de locação do galpão, que antes era ocupado por uma cervejaria pequena, abandonada e mal equipada, com duração de 9 mil anos e valor de £45 anuais. Embora a peça tenha grande valor histórico, o contrato assinado em 1759 não tem mais valor, já que a empresa adquiriu as terras há muitos anos.


Máquinas antigas usadas na produção de Guinness entre 1904 e 1988

O “Guinness Archive” reúne documentos a partir de 1759 que contam a história da Guinness em vasta memorabília com fotos, filmes, vídeos, recordações, cartazes, mapas, garrafas e artefatos. Existe um quiosque onde você pode procurar seu nome de família para ver se algum dos seus antepassados trabalharam em St. James’s Gate. Você também vai descobrir que a “Estatística t” (também chamada de “Teste t de Student”) foi criada em 1908 por químico da Guinness para monitorar a qualidade da cerveja.

A Guinness tem uma longa história de campanhas publicitárias premiadas. Na “Advertising Gallery”, é possível ver cartazes antigos, assistir comerciais e aprender a história por trás do uso da harpa como símbolo e do famoso Tucano, mascote da marca usado pela primeira vez em 1935 e que foi aposentado em 1982.


Em sentido horário: Interior do prédio (com o detalhe da pint em vidro), caminhão da Guinness circulando pela Europa (se quiser dar uma passadinha em casa não vou reclamar), "lojinha" no térreo e painel com o logo da marca, ponto obrigatório de fotos

Uma galeria passa pelos meios de transporte usados para distribuir a bebida nos últimos dois séculos e meio, e faz um paralelo com evolução industrial na Irlanda, já que a Guinness foi inovadora na arte de fazer sua bebida chegar cada vez mais longe, incluindo réplicas de carruagens puxadas por cavalos e miniaturas de trens, barcos, navios, aviões e caminhões. No mesmo andar, uma seção conta a história da fabricação de barris de madeira, ofício que chegou a empregar 300 pessoas na década de 1920. O último barril de madeira foi usado em 1963, atualmente a bebida é armazenada e transportada em tonéis de aço inox.


Transporte: Navios em miniatura, réplicas de locomotivas e objetos náuticos

A Guinness é usada como ingrediente em muitas receitas, muitos dos quais podem ser apreciados nos três bares e restaurantes instalados no prédio e acompanhados por uma (ou várias) pint(s). O “Brewers Dining Hall” reproduz o ambiente de refeitório usado pelos funcionários da St. James’s Gate Brewery nos séculos 18 e 19, o “Arthur’s Bar” é um típico pub irlandês, e o “Gilroy’s” presta uma homenagem a John Gilroy, responsável por criar alguns dos mais icônicos anúncios da Guinness, oferecendo pratos irlandeses usando Guinness na sua composição – tem pão preto, salmão curado, ensopado de carne, brownie.


Setor que faz referência à construção de barris

Uma das atrações mais procuradas é o “Perfect Pint Bar”, um curso de degustação onde você aprenderá na prática o processo de servir uma pint Guinness, onde o copo deve ser inclinado a 45 graus e o líquido deve levar exatos 119,5 segundos para encher o copo, que a bebida deve ser armazenada a 9 graus e servida a 6 graus. Também vai cheirar e provar, aprender a identificar os sabores do lúpulo amargo, da cevada torrada e do malte levemente adocicado.

Para quem busca algo a mais, o “Experience Connoisseur Bar” oferece uma degustação das quatro variações da Guinness – Draught, Original, Foreign Extra Stout and Black Lager. O ticket é vendido à parte, custa €25 e a degustação dura 1h30.


Algumas das garrafas usadas pela marca durante os anos e a escultura "Guinness 'Made of More' Monument", construída em 2012 e que conta a história da cervejaria

O passeio termina no “Gravity Bar”, construído no topo de edifício (46 metros de altura), para muitos a melhor parte do passeio, onde é possível desfrutar a melhor pint Guinness da sua vida e ainda apreciar a vista panorâmica de Dublin e arredores, como as Wicklow Mountains. Guarde seu ticket depois de entrar, pois com ele você tem o direito a uma bebida na faixa – pode ser uma pint de Guinness ou um refrigerante.

O tour funciona 7 dias por semana, incluindo feriados, das 09h30 às17hs (Julho e Agosto encerra às 19hs). Fecha nos dias 24, 25 e 26 de dezembro, e na Sexta-Feira Santa.


"Advertising Gallery", com cartazes, vídeos e objetos que contam relembram as campanhas publicitárias

A visita não é guiada, você faz seu próprio roteiro e leva o tempo de precisar, normalmente entre 1h30 e 2 horas para completar o tour. Visitas guiadas para grupos devem ser reservadas com antecedência. Equipamentos de aúdio estão disponíveis em 7 idiomas (inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, polonês, chinês e japonês), sem custo adicional.

O ticket não é barato – custa €16.50 adultos, €13 para idosos, €13 para estudantes acima de 18 anos, €10,50 para menores entre 13-18 anos, €6,50 para crianças entre 6-12 anos e grátis para menores de 6 anos. Você pode comprá-lo diretamente na bilheteria, mas recomendo que você reserve on-line, com desconto de 10% na admissão de adultos (€14,85), bem como a oportunidade de pular a fila na bilheteria.


Gravity Bar e a vista mais bonita de Dublin (Crédito: Divulgação)

Endereço: St. James's Gate, Dublin 8
Telefone: +353 (1) 408-4800
Internet: www.guinness-storehouse.com

Como chegar: O “Luas” é um trenzinho elético e meio transporte oficial de Dublin. Desça na estação “James’s” (Red Line), siga em frente e vire à direita na St. James Street, no cruzamento com a Echlin Street vire novamente à direita, no final vire à esquerda (lado oposto ao “Old Harbour Pub”) e entre na primeira à esquerda na Market Street, e por fim novamente à esquerda, onde fica a entrada principal.

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