sexta-feira, 26 de setembro de 2014

30 dias na Itália: Castellammare del Golfo, Sicília



Localizada na costa norte da Sicília entre as cidades de Palermo e Trapani, a origem de Castellammare del Golfo (“Casteddammari” em siciliano) data do século 8 aC, quando a área foi usada como porto pelos gregos da vizinha Segesta. Fenícios, cartagineses e romanos também passaram por ali ao longo dos séculos.

Atualmente com pouco mais de 15 mil habitantes, no início da manhã ainda é possível ver os pescadores indo para o mar com seus típicos barcos de pesca azul e branco, e retornando no fim do dia com peixes frescos para os mercados e restaurantes locais.

O turismo ganhou importância cerca de 20 anos atrás, com Castellammare ganhando status de cidade-base para as principais atrações turísticas do noroeste da Sicília, como Segesta, com seu templo grego (o único no mundo ainda de pé, embora o telhado nunca foi construído), anfiteatro (onde performances ainda são realizadas) e águas termais (famosas por sua ação terapêutica); as falésias, enseadas e praias privadas de Scopello, San Vito Lo Capo e da Riserva dello Zingaro; as muralhas de Erice; o parque arqueológico de Selinunte; as salinas perto de Marsala e a Catedral de Monreale.


Porto com o Monte Inici em destaque

Ao lado da cidade, o Monte Inici reúne uma série de cavernas, algumas de interesse arqueológico, como a Grotta di S. Margherita, com suas pinturas religiosas dos séculos 13-14; a Grotta dell'Eremita, também conhecida como a "Caverna do Cavalo", com uma queda vertical de 310 metros; e o Abisso dei Cocci, com um desnível total de 420 metros de altura, caracterizada pela presença de estalactites e estalagmites criando um jogo emocionante de formas e cores.

Como chegar: Partindo de Trapani (35km) ou Palermo (30km), você pode ir de carro pela rodovia A29 (cerca de 30 minutos desde Palermo e 45 minutos desde Trapani), trem (Castellammare é servida por uma linha regional que conecta as duas cidades, a estação fica cerca de 2km do centro histórico) e ônibus (linhas regulares partem de Palermo e Trapani, e a parada em Castellammare é a Via della Repubblica, dentro da cidade e cerca de 15-20 minutos de caminhada da Cala Marina).


Casas do porto com Chiesa Madre em destaque (Crédito: Wikimedia Commons)





Quanto tempo ficar: Dois dias são suficientes para Castellammare del Golfo, todavia se você pretende explorar as atrações em Segesta, Zingaro, Erice, San Vito Lo Capo, Marsala, Monreale, Scopello e no Monte Inici, e usar Castellammare como base, considere estender sua estadia por pelo menos uma semana.

A principal atração da cidade é o Castello Arabo Normanno, edifício fortificado erguido no século 11 para a proteção do território. Os árabes criaram o primeiro núcleo do castelo, uma base de pedra com vista para o mar e ligada ao continente por uma ponte levadiça de madeira (a ponte existe até hoje e se estende no fosso), ampliado séculos depois pelos normandos. Suas três torres são chamadas San Giorgio, Campana e Baluardo.


Castello Arabo Normanno

Castellammare del Golfo foi sede do tribunal da Inquisição, e o castelo foi usado como prisão. Nos anos seguintes, um incêndio em duas salas do castelo forçou a mudança do tribunal para Palermo.

Atualmente o castelo reúne quatro museus: Museo dell’Acqua e dei Mulini (Museu da Água e dos Moinhos), il Museo delle Attività Produttive (Museu das Atividades Produtivas), il Museo Archeologico (Museu Arqueológico) e il Museo delle Attività Marinare (Museu das Atividades Marítimas), que juntos representam “A memória do Mediterrâneo” das antigas civilizações dos pescadores e as maravilhas que emergiram do mar e de séculos de dominação.



A Via Don Leonardo Zangara, conhecida como Cala Marina é uma zona peatonal que delimita toda a extensão do porto até o castelo. Reúne os principais bares e restaurantes da cidade, além de empresas que organizam excursões e alugam barcos, carros e scooters para explorar os arredores e visitar as praias e enseadas menos acessíveis.

Existem duas praias nos arredores do castelo, a primeira de areia grossa (e pouco atraente) e a segunda com muros altos e falésias. Todavia, a praia mais visitada pelos locais fica um par de quilômetros a leste da cidade, um trecho de 30 quilômetros de areia branca que se estende ao longo do Golfo di Castellammare, com “lidos” (praias particulares) ou “spiaggia” (praias públicas) onde é possível alugar guarda-sol e cadeiras.

Uma rota antiga de escada e passagens estreitas conecta a região do porto e castelo com a parte mais alta (e antiga) da cidade, uma cidadela típica da Sicília que conhecemos na TV, com suas ruelas estreitas, varais cheios de roupas secando nas janelas e sacadas das casas, construções centenárias em estilo barroco siciliano.


Chiesa Madre

Entre as contruções históricas, merecem visita a Chiesa Madre (La Matrici), dedicada a Nossa Senhora do Socorro e construída em estilo barroco entre 1726-1736. Tem três portas de entrada (correspondentes às três naves interiores), o interior é adornado por 9 altares, além de afrescos do século 16 que descrevem episódios do Antigo e Novo Testamento e uma fonte do século 17.


Chiesa Madonna delle Grazie (Crédito: Pro Loco Castellammare del Golfo)

Outra atração é a Chiesa Madonna delle Grazie, erguida entre 1614-1624 com três altares dedicados à Madonna delle Grazie, Santa Rosalia e Sant 'Antonio (atualmente os altares são dedicados à Madonna, São Eligius e Nossa Senhora das Dores). A igreja ainda mantém uma valiosa pintura do século 18, representando a Virgem e o Menino.


Chiesa della Madonna della Scala (Fotos 2, 3 e 4, crédito: Pro Loco Castellammare del Golfo)

Na caminhada para o porto, você certamente verá uma igrejinha encravada na encosta à esquerda: é a Chiesa della Madonna della Scala, erguida em 1641 em referência à lenda da caixa de prata com monograma da Virgem Maria e uma cruz encontrada pela jovem Maria D'Angelo em uma caverna, durante uma tempestade. A igreja foi erguida no mesmo local da descoberta.


Chiesa Madonna del Rosario (Crédito: Pro Loco Castellammare del Golfo)

A mais antiga das igrejas é a Chiesa Madonna del Rosario, erguida por volta do ano 1100. Localizada dentro da aldeia ao lado do castelo, a igreja tem um portal com um baixo-relevo da “Madonna col Bambino con i Santi ed il Crocifisso” (“Madonna e Criança com Santos e Crucificação”). No interior, há uma escultura da “Madonna di l'agnuni” (“Madonna Negra com criança”).


Corso Garibaldi

Ainda na parte alta, visite a Corso Garibaldi, principal avenida e centro comercial da cidade, com seus edifícios históricos, lojas diversas, agências bancárias, farmácias, estação de ônibus e lugares para comer e beber. Lá fica a tradicional Gelateria Garibaldi, uma portinha que faz o melhor gelato da cidade.


Palazzo Crociferi (Crédito: Trapani +)

O Palazzo Crociferi, um antigo convento dos padres da ordem dos Ministros dos Enfermos (Camiliana), foi construído em 1659. Atualmente as antigas casas conventuais são ocupadas pela Câmara Municipal, e a igreja é usada como sala de conselho e auditório. No claustro são realizadas apresentações de teatro de verão e eventos como “Cinema sob as Estrelas”.


Villa Comunale com o porto ao fundo

Em frente à Câmara Municipal fica a Villa Comunale Regina Margherita, a principal área verde da cidade, com espaço de recreação para crianças, árvores frondosas, bancos para descansar e apreciar uma visão privilegiada do porto. Já a bela Piazza Petrolo é uma praça ampla, característica por seu chão de mosaicos e atmosfera das pracinhas sicilianas de antigamente, oferece um mirante com visão do porto e castelo.



Nos primeiros anos do século 20 a cidade foi o berço de várias personalidades do mundo da máfia americana, como Vito Bonventre, Stefano Magaddino, Salvatore Maranzano, John Tartamella, Joseph Bonanno e centenas de outros "homens de honra". A partir do nome da cidade deriva o termo "guerra Castellammarese", guerra sangrenta travada entre os clãs de Joe Masseria e Salvatore Maranzano pelo controle da máfia italiana em Nova York. As únicas referências à máfia que ainda resistem na Castellammare de hoje estão nos livros de história e algumas placas nas ruas.

Onde comer:

Ristorante Cumpà

Caponata Alla Siciliana Localizado na avenida principal do porto de Castellammare del Golfo, este restaurante fica bem escondido no começo da rua. Indicação do pessoal do Tannur B&B, onde ficamos hospedados por três noites, foi o único lugar na Sicília com um prato no TOP10 da viagem. Dada a escassez de bons estabelecimentos na cidade, fizemos duas visitas no restaurante, ambas na hora do almoço. Casa pequena, o atendimento foi conduzido pelos...

Ristorante Al Burgo

Odeio quando não tenho nada para guardar de uma refeição, a não ser decepções. Quando pagar a fatura do cartão dói no bolso, não porque é caro, mas porque é ruim demais. Castellammare del Golfo nos apresentou o Ristorante Cumpà e sua Caponata Alla Siciliana, uma agradável descoberta, mas compensou com juros com o Al Burgo, provavelmente a maior decepção de toda a viagem. Está em Castellammare del Golfo, caminhando tranquilamente pela Corso Giuseppe...


Gelateria Garibaldi: Localizada na Corso Garibaldi, faz o melor gelato da cidade, o que não significa que seja algo inesquecível - eu diria que a textura fica na média, sem nada de especial. As cores são vivas, mas fiquei com a impressão de gosto um pouco artificial. Ambiente simples, é uma portinha com algumas mesas do lado de fora. Um copinho com até 3 sabores sai por €2. Fuja dos sabores inusitados, como os chocolates industrializados (Galak, etc.) e vá nos tradicionais pistacchio, cioccolato, nociolla e frutti di bosco. Corso Garibaldi, 54, +39 333 23 64 385.



Bar Pasticceria 2000: Além do endereço no centro, abriu uma casa na Cala Marina. Ambiente pequeno com uma área externa do outro lado da rua. Decidimos sair dos tradicionais sorvetes e buscar algo mais ousado - pedimos um waffle com sorvete (€5,50), um brutamontes com duas bolas de sorvete, canudinhos e calda, quase um almoço. Sem dúvidas a apresentação merece elogios, mas é muito doce junto, poderia ser mais básico - waffle com calda quente e sorvete do lado, o máximo que os tradicionais belgas permitem. O waffle não agradou, massudo e com sabor industrial demais - o waffle deles não é caseiro, é comprado no mercado. Via Don Leonardo Zangaro, 59.

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