quinta-feira, 7 de junho de 2012

Santiago - Miguel Torres (Espanhol)



Restaurante da mítica vinícola espanhola Miguel Torres, fundada em 1870 na cidade de Penedès (Catalunya) e com presença global em mais de 140 países. Instalada desde 1979 no Chile, foi uma das primeiras a introduzir no país as técnicas de produção automatizada e em larga escala.

No Chile, a vinícola especializou-se na produção de vinhos "premium". A produção é de 450 mil litros anuais, entre tintos e brancos. Trabalha também com uma linha orgânica, sem uso de aditivos e pesticidas. Quase todos os vinhos da casa são certificados "Fair Trade", o que atesta que os trabalhadores trabalham em condições justas.



Localizada entre os bairros de Las Condes e Vitacura, em plena Isidora Goyenechea e aos pés do edifício "Titanium", o restaurante ocupa um dos pontos mais caros de Santiago.

Não resta dúvidas de que a casa tem potencial para fazer algo realmente grandioso. Mas o que se vê na prática é uma sequência de deslizes que, aos poucos, minam o nome do restaurante (e da vinícola, em menor grau) e afastam os clientes:

Ponto 1: O restaurante precisa urgentemente de um analista de mídias sociais. Se você for no google e digitar "Miguel Torres Santiago", um dos primeiros endereços listados será o www.mtvinosytapas.cl. Ao clicar, uma bela página, com cardápio, fotos, endereço e telefone para reservas. O telefone, não existe. E-mails de reservas não são respondidos.



Na página da vinícola no Chile o telefone está correto. Todavia, na página oficial da vinícola, da Espanha, também consta o número errado.

Explicação: em 2011, o restaurante sofreu uma reestruturação, que resultou numa completa repaginação da casa, criação de um novo site e mudança do responsável. Legal, mas não seria uma boa idéia tirar o site antigo do ar?

Eu só fui porque estou a 2 quadras do restaurante. Se sou um turista, ligo e ninguém me atende, mando e-mail e ninguém me responde, vou no concorrente. Ponto.

Ponto 2: O principal objetivo do restaurante é vender vinhos. Ponto. A gastronomia é importante, mas é complementar. Assim sendo, é inaceitável que a carta de vinhos da casa seja uma das mais caras de Santiago! Eles só vendem vinhos da própria vinícola, que chegam de Curicó (200km de Santiago, onde fica a vinícola) a preços mais baixos do que pagos por qualquer distribuidor. Então, como explicar o preço mais baixo dos vinhos Miguel Torres em outros restaurantes da região?



Leia mais:

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Ponto 3: Problema de identidade. A casa não sabe qual seu verdadeiro público-alvo: os chilenos ou os turistas. Vende vinhos caros (turistas), mas "customizou" os tradicionais pinchos espanhóis para suavizar o sabor, mirando o gosto dos chilenos (não dos turistas). Talvez um espanhol pague pelo vinho, mas não vai gostar dos pinchos. Um chileno, por sua vez, não pagará pelo vinho, mas adorará o pincho. E ambos sairão insatisfeitos.

Outra coisa: se a casa for para turistas, é fundamental que os garçons falem inglês, né? Pelo que vi, a gerente fala, uma moça se esforça, mas a outra nem tenta. Esta última foi responsável por um dos momentos mais hilários da noite, ao ter que atender um oriental bem chato. Até mímica rolou! Fiquei esperando um "cócócócócó" do cliente para pedir frango, mas não rolou...

Ponto 4: Falta um especialista em marketing. O lugar é deserto, o aluguel deve ser uma paulada, duvido que tenham lucro. Os pratos são caros, e não são espetaculares - dos 3 que peguei, apenas 1 valeu a pena. Eles precisam pensar em algo - e rápido - para atrair clientes! Se a cantina do outro lado da rua, que é uma porcaria e tão cara quanto, vive lotada, como eles não conseguem clientes?

Ponto 5: Entendo que a vinícola privilegia os vinhos feitos no Chile. Mas a origem é espanhola, então a resposta para a simples pergunta "tem vinho tempranillo?", feita por qualquer turista com o mínimo de conhecimento, deveria ser "sim, claro, temos X rótulos", e não "temos apenas 1, e custa CLP 80.000 (R$ 320) a garrafa". De novo: é lugar de chileno ou turista?

Chega de atuar como consultor de processos com foco em eficiência. Vamos ao que foi minha experiência no restaurante:

Restaurante pequeno, decoração sofisticada e informal, cores da vinícola nas paredes, além de belas fotos preto-e-branco no salão que remetem à produção dos vinhos da casa.





O atendimento é gentil e prestativo, sempre com a preocupação de ver se o cliente está satisfeito, o que achou dos pratos.


O mirradinho bar de pinchos da casa

Estou num restaurante espanhol, certo? Para começar, vamos de pinchos (CLP 1.500 cada, R$ 6)! Pedi logo 5: salmão com vinagrete picante (muito bom), jamón serrano (nada de especial), atum (médio), caranguejo com ovo (muito ruim) e queijo azul com nozes (seria ótimo se não tivesse 90% de cream cheese, usado para "suavizar" o sabor).


Em sentido horário: queijo azul, caranguejo, salmão, atum, jamón

Para beber, vinho Santa Digna 2009 Merlot, garrafa de 375ml (CLP 10.900, R$ 43,60). Ícone da casa, pouco corpo, leve (lembra um pinot noir), frutado, agradável. Gostei muito do vinho, mesmo com a tampa de rosca (em tempo: tenho certo "pré-conceito" com vinhos de tampa de rosca). Não fossem tão caros, eu teria comprado uma garrafa de 750ml.



De prato principal, a gerente sugeriu o sensacional "Risoto de Porcini y Parmesano" (CLP 11.200, R$ 44,80), que na realidade é uma entrada na porção com preço de prato principal. Eu também achei caro. Porção bem servida para quem já comeu alguma coisa, é uma excelente pedida: arroz no ponto, feito com caldo de funghi, vem com muito cogumelo!



Na sobremesa, a recomendação foi para provar a "Tarta Fina de Manzana"(CLP 4.900, R$ 19,60). Finas fatias de maçã distribuídas sobre uma massa aberta fininha, como se fosse uma panqueca, com uma bola de sorvete. Para completar, chega à mesa um pequeno bule com Torres Brandy 10, que é flambado e despejado sobre a sobremesa.



Vamos lá: acho que não ensinaram o chef o que acontece quando um líquido quente é despejado sobre um sorvete. Bom, o meu derreteu uma boa parte. O sabor: a massa é crocante, a maçã é extremamente doce (deve ter sido feita com todo o açucareiro da casa), o brandy é forte, e tudo fica com um gosto só: vira torta de brandy, massa de brandy, sorvete de brandy.

Conta: 5 pinchos, 1 prato principal, 1 sobremesa, serviço (10%) = CLP 38.000 (R$ 152).

Conclusão: Não recomendo pelo preço alto, e não acho que o custo/benefício realmente valha a pena. Se levarmos em consideração os problemas que listei, a casa continuará às moscas. Ou aprendem que gerir um restaurante é algo tão complexo quanto fazer vinhos, ou logo fechará as portas, o que seria uma pena.

Não sei como é o restaurante em Curicó. Assumindo que a grana está em Santiago, acho que eles precisam rapidamente pensar em algo. E também acho que a concorrente "Concha y Toro", que tem um excelente restaurante em Pirque (15 minutos de Santiago), seria um excelente case para a Miguel Torres.

Endereço: Isidora Goyenechea 2874, Las Condes
Reservas: +56 (2) 245 7332 e +56 (2) 245 7338
Horário de atendimento: Diariamente, das 12h30 às 16hs (almoço), e das 20hs às 23h30 (jantar).
Internet: http://www.migueltorres.cl/wps/portal/tch/general?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/WebPublicaTorresChile/es/MenuPrincipal/Restaurantes/VinosYTapas

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