terça-feira, 19 de agosto de 2014

30 dias na Itália: Taormina, Sicília


Teatro Greco com a Baía de Naxos e o Vulcão Etna ao fundo

A história de Taormina começa na Idade do Bronze, época em que surgiu na região a primeira aldeia neolítica, já murada. Os gregos chegaram em 832 a.C. e fundaram Naxos, a primeira colônia grega na Sicília. Por ser aliada de Atenas, Naxos foi destruída pelas tropas de Dionísio, tirano de Siracusa e aliado de Esparta, em 403 a.C. Os habitantes fugiram para o Monte Tauro e em 358 a.C. e fundaram uma nova cidade, chamada Tauromenium (posteriormente Taormina).

Charmosa e encantadora, a pequena Taormina (11 mil habitantes) é o mais famoso resort da Sicília, situada numa colina 206 metros acima do nível do mar. Com exuberante paisagem natural, consegue oferecer ao mesmo tempo uma vista panorâmica do Mar Mediterrâneo e Vulcão Etna, praias de água morna e cristalina, e uma variedade de monumentos históricos.

Como chegar: Partindo de Catânia (3h30 de voo a partir de Milão), você pode percorrer os 50km até Taormina de carro (via A19 e A18, cerca de 40 minutos), trem (cerca de 45 minutos via Trenitalia, com saídas diárias de Catania Centrale) e ônibus (1h10 de viagem via Etna Trasporti, com saídas do aeroporto a cada 20 minutos).

Quanto tempo ficar: 2 dias, 1 dia para o Centro Histórico, 1 dia para Isola Bella, praias e Castelmola.

O que fazer:

1) Teatro Antico
Sem dúvidas a principal atração de Taormina e uma das mais importantes da Sicília. Os gregos construíram este anfiteatro no século 3 a.C. para apresentações de teatro e música, já os romanos o modificaram no século 2 d.C. e o usaram para espetáculos sanguinários de lutas entre gladiadores e com animais.



Escavado na rocha em uma das faces do monte Tauro a uma altitude de 205m, tem capacidade para cinco mil espectadores, palco com 35 metros e auditório com diâmetro com exatos 109 metros, dividido em nove setores. A principal e notável característica desta arena é a vista panorâmica da costa oriental da Sicília, por trás do palco, cenário que ainda é o mesmo dos tempos da Magna Grécia: o Vulcão Etna e o Mar Jônico. Bem conservada, a estrutura recebe shows, concertos, óperas e espetáculos de ballet (agenda aqui).



Mesmo sem nada em cartaz, visitá-lo e admirar a paisagem de cartão-postal é o primeiro programa que todo mundo faz em Taormina. A entrada custa €8 e você pode alugar um audio guide por mais €4.

2) Corso Umberto I
Principal via da cidade. Com pouco mais de 1km, corta o centro histórico de Taormina de ponta a ponta, com início na Porta Messina (lado norte, datada de 1808) e fim da Porta Catania (sul, datada de 1440), que faziam parte do sistema de fortificação triplo construído pelos árabes para defender a cidade.


Crédito pela foto: blog Passagem Gastronômica



Chamada pelos romanos de Via Valeria, a avenida era parte integrante da estrada que chegava até Catânia. Atualmente é uma rua peatonal e shopping ao ar livre, reunindo galerias de arte, antiquários, lojas de roupas, artesanato, embutidos, vinhos e souvenirs, além de restaurantes e cafés. As ruelas com escadas que se abrem dos dois lados da via, com seus jardins e fachadas enfeitadas com flores, também merecem uma caminhada.


Porta Messina


Porta Catania

Repleta de prédios históricos e igrejas que mesclam diferentes estilos arquitetônicos, do árabe ao normando, do gótico ao barroco, fazem desta via singular um verdadeiro museu a céu aberto. Destaques para o Palazzo dei Duchi di Santo Stefano (século 13), Palazzo Ciampoli (século 15), Palazzo Corvaja (século 10) e Chiesa di Santa Caterina (século 17). O Naumachie, um monumental reservatório de água da época romana com 122 metros de comprimento e 5 de altura, e o Odeon, teatro romano construído pelo Imperador Otaviano no século 2, localizado na Piazza Vittorio Emanuele, também são atrações imperdíveis.


Visão chata que você terá no final da Corso Umberto I

3) Piazza IX Aprile 
A praça mais bonita da cidade. Reúne a antiga Chiesa di Sant’Agostino (século 15), erguida em estilo gótico para devoção a São Sebastião. Com a chegada dos frades agostinianos, foi ampliada, convertida em mosteiro e passou a venerar Santo Agostinho. Passou por grandes mudanças no começo do século 18, quando o grande arco ogival do portal principal foi substituído por um lintel de pedra. Em 1933, a igreja foi convertida em biblioteca dedicada a abrigar as coleções do convento. Em 1981, todo o edifício foi restaurado e desde 1985 e é usado como Biblioteca Municipal.


Chiesa di Sant’Agostino

A bela Chiesa di San Giuseppe (século 17) foi construída em estilo barroco, facilmente reconhecida pela paisagem de cartão postal com sua imponente escadaria dupla de pedra na frente e o Castelo Sarraceno no fundo. A igreja era o centro da "Irmandade das almas do Purgatório", por isso em diferentes partes da fachada, bem como dentro da igreja você pode ver as figuras humanas no meio das chamas que simbolizam a purificação dos pecados. No interior, a igreja tem uma única nave com um transepto, que tem em seu centro uma cúpula de onde se pode admirar um afresco de São João Bosco crianças entre Maria e Jesus.


Chiesa di San Giuseppe

O último prédio histórico da praça é a Torre dell'Orologio. Primeiramente construída no século 12 sobre as ruínas de uma antiga construção de muros defensivos que data do século 4 a.C., foi destruída pela invasão das tropas francesas de Luís XIV em 1676. Em 1679, a mando de Taormina, a Torre foi reconstruída e, quando foi instalado o grande relógio que a caracteriza hoje. Na parte inferior, um arco de pedras chamado “Porta di Mezzo” conecta a Taormina helenística ao antigo borgo medieval – não deixe de observar o belo afresco “Madonna Col Bambino”, pintado no século 12.


Torre dell'Orologio

Da varanda da praça você tem uma visão panorâmica da Baía de Naxos, Vulcão Etna e ruínas do antigo teatro de Taormina.

4) Piazza Duomo
Localizada na Corso Umberto I, perto da Porta Catania, a praça é sede do Duomo (Catedral) de Taormina, edifício medieval do século 13 erguido sobre as ruínas de uma igreja dedicada a São Nicolau de Bari. O estilo gótico lembra uma fortaleza, por isso é chamada de “Cattedrale fortezza” (catedral fortaleza). O prédio sofreu inúmeras reconstruções durante os séculos 15 e 16, e a última grande restauração foi concluída entre 1945-48.


Duomo

O interior é simples, uma cruz latina com três naves e três absides. Nos dois lados, há seis altares. A nave é suportada por seis colunas de mármore rosa de Taormina, três de cada lado, e capitéis com motivos de folhas e escamas de peixe. O teto é caracterizado por grandes vigas de madeira esculpida com motivos árabes em estilo gótico. A fachada é caracterizada por uma coroa de ameias, enquanto a torre traseira permanece como um bastião no qual foram instalados os sinos em 1750. O portal principal foi reconstruído em 1636, com uma grande rosácea em estilo renascentista. Foi elevada à categoria de basílica pelo papa João Paulo II em 1980.


Fontana del Tauro

A Catedral é acompanha pela “Fontana del Tauro” (ou “Quattro Fontane”), uma fonte em estilo barroco erguida em 1635 onde destacam-se quatro pequenas colunas que circundam a base central, cada uma com um cavalo-marinho com boca em formato de chafariz (atualmente, apenas um cavalo está funcionando). A torre central é ornamentada por figuras decorativas que sustentam duas bandejas, no topo há um centauro, símbolo da cidade de Taormina, com uma coroa na cabeça, um cetro na mão direita e um globo na esquerda.

Do outro lado da rua está o Palazzo dei Giurati ou Palazzo Municipale, sede da Prefeitura de Taormina, prédio em estilo rústico que remonta a meados do século 17. Na entrada há uma placa escrita em latim, que é o brasão de armas do rei de Espanha e Sicília. Na frente do primeiro lance de escadas, encontramos o brasão de armas de Taormina, com o Centauro. Mais acima, outro grande brasão com várias decorações.

5) Giardini della Villa Comunale (Giardino Pubblico)
Conhecido como um dos jardins públicos mais bonitos da Itália, construído no século 19 em estilo inglês, abriga cerca de 200 espécies de plantas, estátuas, bustos comemorativos, fontes, memoriais e relíquias de guerra, torres antigas e uma varanda de tijolos com enormes jarros de barro e vista panorâmica da Baía de Naxos e do Vulcão Etna.



O parque foi originalmente a casa de Lady Florence Trevelyan, inglês prima nobre da rainha Vitória que viveu em Taormina em 1884 e casou-se com o prefeito da época, o professor Salvatore Cacciola. O parque tornou-se propriedade municipal em 1922. Distribuído em diferentes níveis, abrange uma área com cerca de 3 hectares.



Na entrada central, em um banco de jardim fica a escultura “Angeli del Nostro Tempo", que descreve duas figuras, um homem e uma mulher, com asas de anjo e roupas modernas. Tornou-se tradição sentar-se no banco para ser fotografado(a) ao lado dos anjos. Na parte central do jardim repousa um imponente memorial de guerra, acompanhado por um canhão da I Guerra Mundial e um torpedo da II Guerra Mundial.



Outros destaques do parque são a Avenida das Rimembrane, fechada com oliveiras centenárias dos dois lados, e as incríveis construções conhecidas como “victorian follies”, que misturam estilos românico, gótico e barroco, feitas com tijolos vermelhos e blocos de pedras, e que no passado foram usados para acomodar amigos da nobre ou apenas como abrigo para refletir, ler e observar os pássaros.


Victorian follies

Horário de funcionamento: Todos os dias das 9hs à meia-noite (20hs no inverno).
Para mais informações sobre o parque, clique aqui.

6) Castello Sarraceno (ou “Castello di Taormina”) e Santuario Madonna della Rocca
O Castello Sarraceno é uma estrutura medieval erguida no topo do Monte Tauro, quase 400 metros acima do nível do mar. Usado como fortaleza por árabes, gregos, romanos e bizantinos, sua data da construção é desconhecida, calcula-se que seja dos séculos 9-10. Fechado à visitação há décadas, a subida só vale a pena pela visão panorâmica da baía, do Mar Jônico, do Etna e de Taormina. Atualmente não passa de um pátio cego, as paredes exteriores com 4 metros de altura estão intactas, porém pouco sobrou do interior: algumas ruínas, cisternas para coletar água da chuva e um corredor subterrâneo para armazenar suprimentos e armas.



No caminho para o castelo, você vai passar pelo Santuario Madonna della Rocca (século 17), importante ponto de peregrinação. De arquitetura bem modesta e rústica,é um edifício baixo com um único compartimento, instalado na mesma gruta que supostamente registrou uma aparição de Nossa Senhora. A fachada tem batentes de portas e arquitraves em pedra, duas janelas simétricas e teto de rocha sólida.



Atrás da igreja, há uma pequena capela abandonada, enquanto no Sudeste há um espaço que já foi o quintal dos eremitas, localizado na borda do penhasco. No limite desse espaço há uma grande cruz de concreto, construída em 1930, que olha para o Oriente e é iluminada à noite, com vista para Taormina e visível de todos os lados.

7) Praias
Falar em praia em Taormina é falar de Isola Bella. Conhecida como “A Pérola do Mediterrâneo”, esta pequena ilha está localizada em uma baía do Mar Jônico. Doada pelo rei Fernando I à cidade de Taormina em 1806, foi adquidida em 1890 por Lady Florence Trevelyan (a mesma do Giardino Pubblico), que lá construiu uma pequena casa de frente para o mar e mandou importar plantas exóticas, que prosperaram no clima mediterrâneo.



Foi propriedade privada até 1990, quando foi comprada pela região da Sicília e transformada em uma reserva natural, lar de várias espécies de aves e alguns tipos de lagartos, administrada pela filial italiana do Fundo Mundial para a Natureza. Cercada por água morna, azulada, cristalina e sem ondas, é possível nadar em volta da ilha. Na maré baixa, há um caminho estreito que liga a ilha ao continente.



A costa de Taormina tem no total cinco praias, chamadas Giardini Naxos, Mazzarò (a mais famosa), Spisone, Mazzeo e Letojanni, com águas mornas e cristalinas. Saindo do centro histórico, você pode pegar o Funivia, teleférico que sai na Via Luigi Pirandello, nos arredores da Porta Messina, e chega à praia de Mazzarò. Em todas, é possível alugar guarda-sol e cadeiras para curtir o sol nos “lidos” (praias particulares) ou “spiaggia” (praias públicas), ou fazer um passeio de barco para visitar a Grotta Azzurra e a reserva natural de Isola Bella.



8) Castelmola
Cerca de 5km de Taormina, escavada na rocha e erguida no alto de um penhasco cerca de 530 metros acima do nível do mar, é preciso vencer uma estrada bem sinuosa para chegar a este vilarejo charmoso, com pouco mais de 1000 habitantes, considerado por muitos um dos burgos mais bonitos da Itália. Além da vista panorâmica do Mediterrâneo, Etna e Taormina, Castelmola tem brilho próprio, com suas ruas estreitas de paralelepípedos, construções centenárias de rocha maciça, casinhas coloridas, mirantes. Sem dúvidas uma opção de passeio para quem pretende passar alguns dias em Taormina, meio dia é mais que suficiente para conhecê-la.



No ponto mais alto da cidade estão as ruínas do Castelo Normando (século 9), na Piazza Duomo está a igreja São Nicolau de Bari, com sua nave única, quatro altares de mármore e estátua de madeira de Maria Madalena (século 18). Vale a visita nas igrejas de San Giorgio (1450), com sua torre sineira fina e um admirável portão de ferro forjado, San Biagio (século 11), a mais antiga da cidade, e Anunciação (século 12), erguida em agradecimento à Virgem pela vitória sobre os sarracenos. A Piazza Sant’Antonio (1954), com seu chão de mosaicos e atmosfera das pracinhas sicilianas de antigamente, é também a casa do histórico Caffè San Giorgio (século 18), criado por monges e usado como uma taverna. Feche o tour com uma visita às cisternas de 367 a.C., na Porta Sarraceni.


Piazza Sant’Antonio

Castelmola faz parte do roteiro “I borghi più belli d'Italia”, uma associação privada que promove pequenas cidades com status de grande interesse artístico e histórico. Atualmente 217 cidades integram este grupo.

Para saber mais sobre Castelmola, clique aqui e aqui.

Onde comer:

Ristorante L'Incontro

Uma rápida caminhada por Taormina foi suficiente para percebermos o quão cara é a cidade. Sabíamos que a conta do restaurante seria alta, só esperávamos encontrar um lugar com boa comida. A parte muralhada tem muitas opções, todas com ares de “pega-turista”. Após uma pesquisa do TripAdvisor, encontramos este restaurante, tido como um dos melhores da cidade, localizado do lado de fora da muralha. Como fica fora do burburinho...


Laboratorio Pasticceria Roberto: Na cidade onde você encontra uma casa "especializada" em cannoli a cada esquina, o Roberto reina. Tido por muitos como o melhor da Sicília, o "Il Mago del Cannoli" faz um doce realmente saboroso, com massa perfeitamente crocante e ricota quase perfeita - só peca porque ela é batida de manhã e fica na geladeira o dia todo, o que altera a temperatura e estraga um pouco o sabor. É claro que o giro é grande, mas você corre o risco de chegar lá e a ricota estar fria, um pecado. Mesmo com este porém, asseguro que você não comerá cannoli melhor na Sicília.



Endereço; Via Calapitrulli, 9
Telefone: +39 0942 626263
Horário de funcionamento: Todos os dias das 9hs às 21hs.

L'Arco About Pizza: Depois da decepção do L'Incontro, supostamente um dos melhores da cidade, ficamos perdidos, sem saber onde comer. Localizada a poucos passos da Porta Catania, esta pequena pizzaria take-away salvou nossa estadia em Taormina. Massa grossa estilo "Pan" da Pizza Hut, recheio generoso (algo raro na Itália) e vendida em pedaços retangulares (€2,50 cada), fez nossa alegria em duas refeições. Messinese (anchovas, tomate cereja, endívia), Prosciutto con Funghi (presunto crú com cogumelos funghi), Diavola (pepperoni) e Margheritta são alguns destaques.


€5 por uma refeição completa e saborosa para duas pessoas

Endereço: Corso Umberto I, 240
Telefone: +39 3392034086

Bar Capriccio: Na nossa tentativa de encontrarmos um bom gelato, conhecemos esta casa na Corso Umberto I. Provavelmente é o melhor sorvete da cidade, provamos cinco sabores (Nutella, fiordilatte, pistache, tangerina e fruta do bosque), mas se compararmos com vários outros que tomamos na Itália, tem textura apenas razoável, os sabores com leite são bons, mas os de frutas parecem artificiais. Refresca sem ser inesquecível. Vende também salgados (croissant, arancini, etc) e um cannoli de ricota pouco atraente, grande e com massa grossa demais.



Endereço: Corso Umberto I, 85
Telefone: +39 0942 23939

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